História, perguntado por anacorna5, 10 meses atrás

qual a diferença entre as manifestações sebastianista de Portugal e do Brasil?​

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Respondido por emilly939571
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Respondido por benoj7255
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Resposta:

Portugal: Após o desaparecimento de D. Sebastião no norte da África, foi seu tio, o cardeal D. Henrique (Henrique I de Portugal ou Cardeal-Rei), quem assumiu o trono. Na época, D. Henrique já tinha 66 anos e era cardeal da Igreja Católica. A princípio, ele aceitou ser somente governador e defensor do reino, mas aceitou a Coroa de Portugal e se retirou do Mosteiro de Alcobaça, onde vivia recolhido, para ser coroado no dia 28 de agosto de 1578, 14 dias após a chegada da primeira notícia do desaparecimento de Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir. Dom Henrique ficou somente dois anos no poder: ele morreu em janeiro de 1580.

Com o desaparecimento de Dom Sebastião e a morte de seu tio, Dom Henrique, houve uma disputa por quem sucederia o trono português por falta de herdeiros diretos. Logo após a morte do cardeal-rei, um colegiado de cinco governadores precisou assumir o reino. Meses depois, quem reivindicou o trono e chegou a ser aclamado em algumas cidades foi o Prior do Crato, D. António, sobrinho de D. Henrique. Embora não fosse considerado filho legítimo do Infante Dom Luís (portanto, neto do Rei Dom Manuel I), D. António gozava de muita popularidade entre os portugueses, uma vez que havia sido prisioneiro na Batalha de Alcácer-Quibir, na qual lutou junto com Dom Sebastião[1].

Mas a empreitada de D. António foi infrutífera e o trono terminou nas mãos de seu primo, o rei Filipe II da rama espanhola da casa de Habsburgo. Mesmo passados mais de dois anos do desaparecimento de Dom Sebastião, havia em Portugal esperança de que ele retornasse para salvar o Reino – é a isso que se chama de sebastianismo. Basicamente é um messianismo adaptado às condições lusas e à cultura de Portugal. Traduz uma inconformidade com a situação política vigente e uma expectativa de salvação, ainda que miraculosa, através do retorno de um morto ilustre.

Vários setores da população não acreditavam na morte do rei, divulgando a lenda de que ele ainda se encontrava vivo, apenas esperando o momento certo para voltar ao trono e afastar o domínio estrangeiro. De certa maneira, isso ecoava uma crença no chamado "rei encoberto", que povoara a Península Ibérica, e que se manifestara fortemente durante as revoltas das "Germaníadas" em Valência, durante o reinado do imperador Carlos V.

Brasil: O sebastianismo também influenciou certos movimentos brasileiros em todo o país, desde o Rio Grande do Sul até ao norte do Brasil, principalmente no início do século XX.

Por exemplo, Antônio Conselheiro empregou-o em seus discursos à população de Canudos, no sertão baiano, entre 1893 e 1897. Segundo ele, Dom Sebastião iria retornar dos mortos para restaurar a monarquia no Brasil, atraindo assim a ira do recém-inaugurado governo republicano do Brasil. Antônio Conselheiro via também na realeza de D. Pedro II e na Casa de Bragança o Direito Divino do Império do Brasil recebido na cristofania do milagre de Ourique. O resultado foi a destruição do Arraial de Canudos pelo Exército em 1897[12].

No nordeste destacam-se dois movimentos sebastianistas no interior do estado de Pernambuco, que, segundo a crítica aos movimentos na época, tiveram um caráter político-religioso violento e com líderes fanáticos, que ludibriavam a população de boa fé, já vítima dos problemas da seca[12]. O primeiro, A Tragédia do Rodeador, foi liderado por Silvestre José dos Santos que, em 1819, criou um arraial em um local denominado Sítio da Pedra. Ele foi destruído em 1820 pelo governador do estado, Luiz do Rego. Esta destruição, conhecida como Massacre de Bonito, matou 91 pessoas e feriu mais de 100. Depois disso, mais de 200 mulheres e 300 crianças foram aprisionadas e mandadas para Recife.

O segundo movimento é conhecido como A Tragédia da Pedra Bonita. Foi criada uma espécie de reino na localidade de Pedra Bonita, na Serra Formosa, por João Antonio dos Santos. Como o sucessor de João Antonio, João Ferreira, pregava que o rei D. Sebastião só voltaria se a Pedra Bonita fosse banhada de sangue, foi promovido um grande massacre no qual morreram 87 pessoas. Este arraial foi destruído pelo major Manoel Pereira da Silva.

Este último movimento inspirou o escritor José Lins do Rego a escrever o romance Pedra Bonita.

No Maranhão, há uma crença, especialmente na ilha dos Lençóis, no litoral do estado, de que o Rei D. Sebastião viveria nesta ilha, havendo muitas lendas em torno de sua figura, como se transformar em um touro negro encantado, com uma estrela na testa. O couro do boi do Bumba-meu-Boi, principalmente os de sotaque de zabumba e de pandeiros de costa de mão, das regiões de Cururupu e Guimarães, costuma ter a ponta dos chifres em metal dourado e traz, bordada na testa, uma estrela de ouro e jóias, em alusão à lenda. Religiões de matriz africana no estado, como o tambor de mina e o terecô, também tem especial relação com o rei Sebastião, que figura como um encantado.

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