Filosofia, perguntado por alexanderssmartins, 1 ano atrás

Quais são, segundo Aristóteles, as características da cidade ideal?

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Respondido por nilsonmaia2012
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Resposta:

A CIDADE IDEAL SEGUNDO ARISTÓTELES  

Já indicamos que, na medida do possível, a cidade deve estar em comunicação, ao mesmo tempo, com o interior do país, o mar e a totalidade de seu território. Quanto a sua localização, é recomendável que a cidade esteja num lugar escarpado, levando em conta quatro considerações. De início, como um requisito indispensável, vejamos o que diz respeito à saúde (pois as cidades voltadas para o leste e para os ventos que sopram do Levante são as mais sadias; em segundo lugar, vêm aquelas protegidas contra os ventos do norte, porque conhecem um inverno mais suave). Entre as demais considerações, um lugar escarpado e mais favorável, ao mesmo tempo, à atividade política e aos trabalhos da guerra. Tendo em vista as operações militares, a cidade deve oferecer a seus cidadãos uma saída fácil, assim como deve dificultar o acesso e o ataque para os adversários; antes de tudo, ela deve ter águas e fontes naturais em abundância (porém, se tal não acontece, já se encontrou o meio de obtê-las, pela construção de cisternas vastas e profundas que recolhem a água da chuva, de modo que, em tempo de guerra, a água nunca falte aos cidadãos isolados do resto do país). Uma vez resolvidos os problemas da saúde dos habitantes - que depende principalmente de uma localização judiciosa escolhida, num terreno sadio e bem exposto - e, em segundo lugar, da utilização das águas salubres, o ponto seguinte merece igualmente nossa especial atenção: as coisas de maior e mais freqüente consumo são também as que mais contribuem para a nossa saúde e a influência das águas e do ar possui esta propriedade de que falamos. Eis por que nos Estados sabiamente governados, se todas as fontes não são igualmente puras e se há carência de fontes de boa qualidade, as águas que servem para a alimentação devem ser separadas das que são destinadas para outras coisas.

No que diz respeito aos lugares fortificados, a solução ao adotar não é a mesma em todas as formas de constituição: assim, uma cidadela convém a uma oligarquia ou a uma monarquia, e a uma região plana, a uma democracia; uma aristocracia não escolherá nem um nem outro, mas sim um grande número de praças fortes. Por outro lado, a maneira de dispor as casas dos particulares é, na opinião geral, mais agradável e responde melhor ás necessidades gerais da vida, quando as ruas são bem alinhadas e ao gosto moderno de Hipódamo; mas, para garantir a segurança em tempo de guerra, é preferível outro método de construir, usado antigamente, que torna difícil para as tropas estrangeiras a saída da cidade, assim como dificulta a orientação dos assaltantes. [...]

Passemos à questão das muralhas. Quem acha que as cidades com pretensões militares não precisam de muralhas, defende uma opinião superada: as cidades que se abandonam a essa vaidade pueril são desmentidas pelos fatos. Com efeito, contra um inimigo de igual valor ou ligeiramente superior em número, não é muito nobre procurar a salvação por detrás de muralhas fortificadas. Mas, também é possível, e na realidade acontece, que a superioridade dos assaltantes seja tal, que as forças humanas e o heroísmo de um pequeno número não possam resistir; portanto, se queremos que a cidade sobreviva e não sofra nenhum dano ou ultraje, somos obrigados a pensar que as muralhas mais solidamente fortificadas constituem a proteção militar mais segura, sobretudo na nossa época, em que as invenções, no domínio da balística e das máquinas de cerco, atingiram grande precisão. Opor-se à construção de muralhas em torno da cidade é tão insensato quanto querer abrir o país à invasão e destruir as regiões montanhosas que o circundam; é como recusar-se a cercar de muros as casas dos particulares, com medo de torná-los covardes.

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