História, perguntado por cleusiadacruz649, 3 meses atrás

Quais são os Valores deixados pelos khoisans?

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Respondido por venancioleno079
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Resposta:

No sudoeste da África existe um grupo de seres humanos que seria capaz de contar histórias de 100 mil anos atrás. Chamados de khoisan, eles habitam a região desde o Paleolítico, a Idade da Pedra. Pesquisadores concluíram, após uma exaustiva pesquisa sobre o DNA humano, que os khoisans são descendentes diretos de nossos primeiros ancestrais e representam o grupo humano mais antigo do planeta.

Com a chegada dos negros bantus, vindos da África do Oeste e Central e, posteriormente, dos europeus, os khoisans perderam suas terras e foram obrigados a viver em ambientes retirados e desfavoráveis, como o deserto do Kalahari, hoje parte da África do Sul, Botsuana e Namíbia. Chamados pelos europeus do século XVII de bushman (homem do mato) – bosquímanos em português –, os khoisans são gente simples e, para sobreviver em um ambiente tão severo durante milênios, precisaram conhecer profundamente a natureza.

Homens Khoisan preparam o fogo, uma tarefa importante para a cultura dos bosquímanos (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)

Homens khoisans preparam o fogo, uma tarefa importante para a cultura dos bosquímanos (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)

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Eu já havia estado em contato com grupos khoisans na África do Sul e na Namíbia. Agora, em Bostuana, tenho a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre esse povo. Mas as primeiras informações que recebo mostram que a luta dos khoisans pela sobrevivência continua até hoje. Organizações humanitárias como Survival International relatam que bosquímanos dos subgrupos gana, gwi e tila continuam sofrendo pressão do governo – foram expulsos de suas terras nativas e não podem nem mesmo caçar.  

Dos 55 mil bosquímanos que vivem hoje em Botsuana, cerca de 8 mil são do subgrupo naro. Falando seu próprio idioma, os naros viviam também nas terras que formam hoje a Reserva de Vida Selvagem do Kalahari Central. Apesar de ser uma das maiores áreas protegidas do planeta – com 52.800 quilômetros quadrados, do tamanho do estado do Rio Grande do Norte –, os bosquímanos não podem morar dentro do parque e estão dispersos no distrito Ghanzi.

Willie De Graaff possui cinco fazendas de gado nas proximidades da imensa reserva. Foi seu bisavó quem recebeu as primeiras terras do governo nos anos 1890, quando colonos brancos foram convidados a povoar a região. Willie, hoje com 65 anos, sempre morou na fazenda e cresceu brincando com os filhos dos bosquímanos que trabalhavam na propriedade. Fala correntemente dois idiomas bosquímanos, naro e makoko, e reconhece a importância dos povos nativos. “Eles conhecem todas as plantas, frutas e raízes. Sabem o que podem usar como alimento ou remédio. São inteligentes e engenhosos. Não entro no mato sem um bosquímano a meu lado”, afirma o fazendeiro.

Qwaxo, uma anciã Naro, mostra a raiz de uma planta medicinal usada para a preparação de um colírio  (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)

Qwaxo, uma anciã naro, mostra a raiz de uma planta medicinal usada para a preparação de um colírio (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)

Uma extensa família da etnia naro, liderada por Qhaikhgao, de 58 anos, encontrou pousada nas terras do fazendeiro. Lá, esses naros vivem sem ser ameaçados e caçam livremente. Um poço artesiano de 200 metros de profundidade provê a água necessária. “Ainda existem terras sem donos na região. Nosso projeto é angariar US$ 2 milhões para comprar uma área de 10.000 hectares para Qhaikhgao e seus descendentes”, diz Willie.

Enquanto isso não acontece, Willie acredita que o modo de vida dos bosquímanos deve ser não apenas respeitado, mas valorizado. “Eles possuem conhecimentos que poderão ser perdidos em poucos anos se a cultura for pasteurizada por nossa sociedade materialista.” Willie faz questão que todos os hóspedes de sua fazenda possam ter contato com Qhaikhgao e sua família.

A bordo de um 4x4 chegamos a uma encruzilhada entre dois caminhos de areia. Havia chovido à noite e o terreno ainda estava úmido. De trás de uma moita, aparece Qhaikhgao, acompanhado por seu filho Tamai e seu sobrinho Tcoma. Os homens vestem um pedaço de couro amarrado na cintura. As mulheres – a esposa Kwaba, sua irmã Tswana e a tia idosa Qwaxo – vêm atrás e usam o mesmo couro como vestimenta. Todos agem com timidez e ficam mais recatados ao nos ver.

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