Quais são os problemas morais que afetam o Brasil hoje?
Soluções para a tarefa
“No mundo contemporâneo o estilo de vida entrou em crise. Os valores da modernidade, as tradições, as crenças e as formas de conduta se relativizaram. Essa relativização aconteceu por causa do avanço do progresso do pensamento e do conhecimento técnico e científico. Vivemos numa época onde as instituições e os códigos sociais e morais não podem mais determinar os modos de vida”. ( Michel Aires de Souza).
Ao tratar de valores e sua crise, impõe-se de logo salientar as dificuldades para sua abordagem, em vista de três pontos sempre presentes : 1º- Estudar um tema no qual se está imerso; 2º – As rápidas mudanças vividas em tempos contemporâneos e 3º – A distância entre juízo e ação ( moralidade). Com efeito, é muito difícil a isenção analítica quando se é parte integral do objeto e, ao mesmo tempo, não se tem a perspectiva sociológica em face da rapidez como se sucedem os acontecimentos. Mas há que se enfrentar os óbices e discutir o quanto é aflitiva a questão da crise de valores no mundo contemporâneo. Chega-se mesmo a perguntar: Crise de valores ou valores em crise? Ao se iniciar a discussão, vem a calhar o que ensina Libânio:
“Entender os valores humanos como um fenômeno de construção social e para se poder agir autônoma e conscientemente em relação a eles e à realidade da qual são um dos fundamentos, é imprescindível que se aprofunde melhor a análise do fenômeno da construção social dos valores.”
Não se pense, todavia que a preocupação com valores morais seja uma característica deste nosso desafiante século XXI. A Escola de Pais do Brasil, sempre atenta aos desafios à família, já em 1983 dedicou todo um Congresso Nacional ao tema: “Valores. Que Valores?”.
VALORES
Antes de falar de crise, importante é tentar compreender o que se entende por valores. São tantos os conceitos, interpretações e definições que, longe de explicarem, mais contribuem para as divergências. Seguindo a linha que predomina entre importantes autores ( Ives de La Taille, Michel Aires de Souza, Anthony Giddens, entre outros) pode-se dizer que valores são os determinantes das escolhas que fazemos e dos objetivos pelos quais vivemos. Como diz Edênio Valle:
“O que consideramos bom ou mal (para nós), o que é importante ou sem importância, desejável ou repugnante, belo ou feio, irá depender dos nossos valores, residam eles no campo da ética, da estética, da economia, da política ou do mundo das ideias. Embora sejam elementos centrais na dinâmica e na organização de nossa percepção e orientação subjetiva”.
Assim, pode-se afirmar que valores bem assentados na vivência pessoal de cada um, precisam ser partilhados em comunidade e dinamicamente amadurecidos ao longo de um processo comum, sendo a base sobre a qual se torna possível a coesão social, seja em um casal ou numa família. Valores que se excluem, por sua vez, são geradores de tensão e ruptura no tecido social. Dessa maneira, os valores orientam nossas ações, pois são conceitos ou ideias que as balizam. Deles dependem nossos comportamentos na medida em que são incentivados ou rejeitados.
A sociedade contemporânea proporciona um estilo de vida mais autônomo, mais aberto e reflexivo. A responsabilidade por nossa vida, cada vez mais, cabe a nós. Como diz Giddens: “ Ali onde a tradição declina e a escolha do estilo de vida prevalece, a individualidade não pode ficar isenta. O senso de identidade tem que ser criado e recriado de forma mais ativa que antes.” Nossa vida é regida por ações, escolhas que vão se somando. Cada gesto vai determinando o que nós somos ou podemos ser. No mundo das incertezas em que vivemos não há uma fórmula para a melhor forma de viver que não a coerência com nossas próprias convicções.
CRISE DE VALORES
Todas as culturas e sociedades desenvolvem valores. Na sociedade capitalista, os bens materiais tendem a se tornar valores supremos em torno dos quais giram nossas escolhas e decisões. Porque o valor está no capital e no acúmulo de riquezas apequenam-se a honestidade, a solidariedade, a liberdade, entre outros que ao longo dos séculos se sedimentaram como valores universais inquestionáveis. Assim, seria em torno deles que deveriam orbitar os nossos comportamentos. Quando eles já não são a bússola orientadora do conviver, a sociedade envereda pelo comportamento do interesse, do lucro fácil, da esperteza e da desonestidade. Instala-se a crise daqueles valores fundamentais que já não se reconhecem como alicerces do relacionamento humano. Neste arcabouço de descrenças, os mecanismos sociais que deveriam dar uma direção comportamental saudável já não conseguem imprimir um conjunto de ideias motriz às