História, perguntado por agathaouteiro31, 5 meses atrás

Quais são os mitos dos povos brancos

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Respondido por alanna8576573
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Resposta:

Se existe alguma especificidade na antropologia, ela reside no fato de se pensar e reconhecer com uma disciplina da alteridade, ou como quer Merleau Ponty "uma maneira de pensar quando o objeto é outro e que exige a nossa própria transformação"(1). Ou seja, se nos fiarmos na noção de alteridade, na perspectiva expressa por Rousseau em O contrato social, alteridade significaria a capacidade de nos identificarmos com o "outro" de tal maneira, que passamos a estranhar a nós mesmos, em nossos valores e concepções mais fundamentais. Esse movimento de aproximação e de estranhamento faria parte fundante dessa epistheme a qual, nas palavras de Claude Lévi-Strauss, sempre se definiu como uma ciência do outro; do olhar sobre o nativo, e com o nativo. Vale lembrar, também, que a disciplina pode se voltar não só para o "outro mais outro", como se debruçar sobre nós mesmos, acerca de nossas "filosofias" mais arraigadas.

Dizem que talvez o que mais definiria nossa sociedade ocidental, é que somos "um povo com história". Ou melhor, não há povo sem história; isso se tomarmos o conceito de história como sinônimo para temporalidade. Não existe sociedade que não pense em categorias como tempo e espaço, a despeito das concepções serem profundamente diversas. Nos termos de Durkheim, estaríamos lidando com uma "categoria básica do entendimento": não há sociedade que não a tenha, mas cada cultura a realiza empiricamente de forma particular e diversa (2). Assim sendo, nossa especificidade estaria mais no grau e na escala que a história toma entre nós, sendo parte fundamental dos discursos oficiais e nacional. Além do mais, se há povos que pensam o tempo de maneira sincrônica, ou mesmo espiralada, já nós usamos noções como cronologia, seriação e continuidade. Nossa história é sempre datada e, de alguma maneira, evolutiva. Mais ainda, ela parece central na conformação de discursos de identidade e de nacionalidade. É ainda uma vez Lévi-Strauss quem afirma que a história seria a "nossa grande narrativa social", ou a nossa ideologia política. Diz ele: "Nada se assemelha mais ao pensamento mítico que a história".

Como se pode notar, e parafraseando o famoso dito de Lévi-Strauss para o mito, a história parece mesmo "boa para pensar". Assim como se estudam parentescos, rituais, simbologias, também a história permite prever como a humanidade é una - universal - em suas estruturas mais básicas, mas vária em suas manifestações. A história cumpriria para nós o mesmo papel que os mitos, para outras sociedades: corresponde a uma espécie de cantilena sobre a origem, narrada pelo grupo, coalhada de tradição que, em nosso caso, começou oral e depois passou a escrita. Por outro lado, assim como os mitos, também a história, sua sucessão e constante reescrita remetem a contradições básicas e por definição insolúveis. Isto é, na perspectiva estrutural de Lévi-Strauss, a causa de um mito é sempre uma contradição, e por isso ele cresce em espiral, a partir de suas inúmeras versões. Por isso, também, é preciso "levar a sério os mitos", assim como levar a sério a história, e não descartá-los rapidamente.

Explicação: Espero ter ajudado bons estudos

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