quais são os grupos falantes que fazem parte da biblioteca digital Karaja
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Resposta:
Os Karajá do Norte, mais conhecidos como Xambioá, estão divididos em duas aldeias, localizadas na margem direita do rio Araguaia. Falam a mesma língua que os Karajá e os Javaé da Ilha do Bananal, mas mantêm muito menos contato com estes que com a população vizinha. Devido ao intenso decréscimo populacional e às uniões recorrentes com regionais, os Karajá do Norte passaram por mudanças culturais importantes. No entanto, parece haver um consenso entre eles quanto à necessidade de implementar projetos e iniciativas destinadas a prestigiar aspectos mais tradicionais de sua cultura e a afirmar sua identidade étnica.
Nome
Atualmente são conhecidos como Karajá do Norte. Entre os demais grupos de língua Karajá são conhecidos como ixybiowa ou ainda de iraru mahãdu ("turma de baixo"), em oposição aos demais, chamados de ibòò mahãdu ("turma do alto"), conforme sua localização ao longo do rio Araguaia.
Os Karajá do Norte eram, e ainda são, conhecidos como Xambioá na literatura etnológica. São chamados de "Karajá", simplesmente, pela população regional e de "Xambioá", mais freqüentemente, ou "Karajá do Norte", muito raramente, desde o século passado, por viajantes, missionários e, mais recentemente, por funcionários do SPI e da Funai.
Os membros do grupo indígena quase nunca utilizam a palavra Xambioá para se auto-referirem. "Xambioá" vem de ixybiowa ("amigo do povo") que era como se chamava uma aldeia que existiu na foz do rio de mesmo nome, a montante do atual Posto Indígena. Especulativamente, pode-se supor que o nome tenha sido aplicado a todos seus habitantes e, posteriormente, a todos os Karajá do Norte. Mais comumente serve como designação da atual região da cidade de Xambioá.
A auto-designação Karajá do Norte, e o desuso do termo Xambioá, indica o desejo do grupo de se identificar, prioritariamente, com a macro-etnia, com uma matriz cultural comum a todos os grupos Karajá.
Língua
Foto: André Toral,1982
Foto: André Toral,1982
Falam o xambioá, um dialeto específico da língua karajá, pertencente ao tronco Macro-Jê. Os outros dois dialetos, o javaé e o karajá propriamente dito, designam também os outros dois grupos falantes da mesma língua.
Localização
Os Karajá do Norte são tradicionais habitantes da região do baixo Araguaia e, especificamente, das proximidades de seu trecho encachoeirado. As duas aldeias atuais, Xambioá e Kurehe, no município de Araguaína (TO), localizam-se na margem direita do Araguaia, distantes seis quilômetros uma da outra. Estão 100 km a montante da cidade de Xambioá, a 150 km, por estradas de terra e asfalto, de Araguaína e 70 km de Santa Fé do Araguaia, os centros urbanos mais importantes para o grupo.
Em 1888, os Karajá do Norte possuíam quatro grandes aldeias entre a corredeira Pau d'Arco (nas proximidades da atual cidade com esse mesmo nome) e a "grande cachoeira de São Miguel". Suas excursões de caça, entretanto, os conduzem até as proximidades de São Vicente do Araguaia (atual Araguatins), de onde foram expulsos pela colonização. Sua área de ocupação, no início do século XX, ia dos 7° 30' até 5° 50' de latitude sul, ou seja, por mais de 240 km ao longo do Araguaia. Por volta de 1920/30 a população Karajá do Norte encontrava-se espalhada em por volta de oito aldeias.
Além dessas, são mencionados outros locais, que não se sabe se constituíam pontos tradicionais de aldeamentos ou se foram ocupados em função do desejo de manter relações com os adventícios. É o caso, por exemplo, dos arranchamentos estabelecidos por algum tempo junto ao garimpo Pedra Pedra, no local denominado Karabitxana. Além da grande redução populacional, a população remanescente encontrava-se dispersa em locais distantes uns dos outros, como Araguanã e aldeia da foz do Cabiriru.
Grande parte dos habitantes dessas aldeias foi reunida pelo SPI nas proximidades do local denominado Água Fria, nome de um tributário da margem esquerda do Araguaia, logo ao norte dos limites da atual Terra Indígena, onde o órgão pretendia estabelecer um posto para o grupo. A essa primeira tentativa de implantação do SPI no final da década de 1940 teria se seguido outra, igualmente malsucedida, dessa vez na aldeia Cabiriru (Kabiriry, que significa "estrada da bacaba"), localizada junto à barra do rio homônimo, no limite sul da atual Terra Indígena. Ainda no início da década de 1940, o Posto do SPI e a população Karajá ali reunida foram transferidos para o local onde se encontra hoje, entre o rio Matinha e o córrego da Paca. Em seguida, se deu a definitiva reunião dos habitantes das aldeias remanescentes e das famílias que viviam juntas com a população regional ribeirinha. Aí permaneceram até o verão de 1985, quando pouco mais da metade de sua população se instalava em Kurehe hawa, a seis quilômetros do Posto Xambioá. A tendência verificada em 1987 era a de permanência dos dois grupos locais, com população equivalente, paralelamente a um discreto crescimento de população que se registra atualmente.
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