quais são as funções da linguagem do poema evocação do recife
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Resposta:
Podemos iniciar o debate acerca da poesia e da lírica realizando indagações primordiais, a exemplo do que é lírica, do que é poesia e em que elas se diferenciam. A resposta para tais problemáticas é mais simples do que se imagina: se em um passado remoto eram tidas como diferentes e eram segregadas, com o declínio do gênero épico e do drama, tais termos passaram a ser sinônimos (MERQUIOR, 1997, p. 17) e ter isso em mente é fundamental para a análise que aqui será feita, entretanto, mais adiante, iremos discorrer acerca do gênero lírico mais detalhadamente. Por ora, analisaremos, pois, dois poemas modernos de autores igualmente modernos: Evocação do Recife, de Manuel Bandeira, e O relógio, de João Cabral de Melo Neto. Outrossim, iremos ponderar a respeito do espaço lírico de ambos os modelos literários, que apesar de parecerem espaços distintos, pertencem ao mesmo. A problematização do Eu-lírico e o método mimético presentes nos dois poemas serão equitativamente avaliados, e junto a eles, outras questões serão abordadas e examinadas.
O primeiro poema a ser analisado é "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira. Sendo uma poesia do eu, tem um Eu-lírico explícito, evidenciado principalmente através de pronomes, verbos na primeira pessoa do singular e em virtude disso, reforçando a memória por tais usos, tornando essa primeira pessoa o centro poético. É um poema saudosista, no qual o Eu-lírico fala sobre as recordações de sua infância e de como era a cidade do Recife nesse tempo, fazendo um contraponto entre a felicidade que as coisas do passado o traziam e entre a tristeza causada pela finitude delas. Todos os fatores até agora ditos podem ser corroborados no seguinte trecho:
"[...] Recife...
Rua da União...
A casa do meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de
eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife
brasileiro
como a casa de meu avô."