Quais os objetivos da Guerra dos Ciompi?
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A revolta dos Ciompi foi o cume a que chegou uma série de revoltas populares ocorridas em Florença, região da Toscana na Itália, entre as décadas de 1340 e 1380. O nome de Ciompi é decorrente dos trabalhadores assalariados dos lanifícios que passaram a participar dos órgãos diretivos da cidade entre os dias 22 de julho de 1378 a 31 de agosto de 1378. O debate entre historiadores diz respeito à consideração da Revolta dos Ciompi como a primeira revolta operária da História.
Florença tornou-se uma república que se pretendia popular e democrática em 1293, com a publicação dos ordinamenti di giustizia (ordenamentos de justiça), que estruturavam em 21 artes as corporações profissionais da cidade, excluindo a aristocracia e boa parte dos assalariados. Os artesãos e pequenos comerciantes formavam as artes menores e os banqueiros e grandes comerciantes as artes maiores.
Contando com aproximadamente 100 mil habitantes em 1338, a cidade era rica por causa da indústria, do comércio e das atividades bancárias, sendo que politicamente se dividia em dois partidos: os gibelinos, partidários do Império contra o papa; e os guelfos, partidários da causa papal.
Entre 1343 e 1348, os magnatis (famílias nobres) foram expulsos dos órgãos de poder. A cidade se viu ainda governada por um breve período por Gautier de Brienne (1342-1343), duque de Atenas, período que ficou marcado por diversos conflitos populares, terminados com a peste, em 1348. Para enfrentar a alta burguesia, o duque se apoiou nos operários e agradou, por exemplo, os tintureiros, que queriam formar uma nova arte, a vigésima-segunda. Ele organizou os operários da lã não em uma arte, mas numa associação armada. Depois de um levante que o derrubou, apoiado por quase toda a cidade, menos açougueiros e uns poucos operários, as armas continuaram nas mãos dos operários da lã que as utilizaram nos anos posteriores.
Em 1343, 1.300 operários se sublevaram contra a ditadura dos capitalistas nos locais de trabalho; em 1345, uma nova revolta dirigida por um cardador objetivava a organização dos operários da lã. A peste dizimou boa parte da população em 1348, causando o aumento dos salários, devido à falta de trabalhadores para os serviços, e aumentando os conflitos entre patrões e operários. Entre 1370 e 1372, uma greve dos tintureiros ocorreu, sendo derrotada, porém não arrefeceu os ânimos dos trabalhadores.
Ao mesmo tempo, a alta burguesia viu seus interesses se oporem aos da pequena burguesia, causando conflitos no partido guelfo. A disputa interna ao partido teve como consequência a ascensão de Salvestro de Médici ao cargo de magistrado de justiça em junho de 1378, representando a pequena burguesia e propondo medidas contra artes maiores. As várias artes saíram às ruas para defenderem suas posições, os operários também partiram para o conflito, pondo fogo em casarões e em prisões. Salvestro de Médice venceu, mas a direção que era da pequena e média burguesia caiu nas mãos dos operários.
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Foi a partir das características da revolta que estudiosos do tema, como Simone Weil, afirmaram que foi a primeira revolta proletária da história. A primeira medida tomada espontaneamente pelos insurrectos foi a pena de morte para os saqueadores, o que não significou uma ação sanguinária. Além disso, reivindicavam alterações na cobrança de impostos; a supressão de oficiais estrangeiros que atuavam como policiais; e mais três novas artes: uma para os trabalhadores da lã não assalariados; outra para os alfaiates e pequenos artesãos não organizados; e uma para o popolo minuto, o povo miúdo, operários principalmente das oficinas de lã. Esta última foi um sindicato dos operários, cujo objetivo era compor em igualdade a representação no poder do Estado.