Quais os elementos da narrativa "A pequena vendedora de fósforos"??
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Resposta:
Nessa nossa correria cotidiana, onde pululam estudos, trabalho, e toda uma gama de obrigações possíveis, se torna até difícil encontrar uma brecha no tempo – ótimo seria possuir a faculdade mágica de pará-lo de acordo com a nossa vontade – para respirarmos um pouco mais de nossos hobbys que acabam esquecidos, preteridos, relegados diante disso tudo.
Meu maior hobby é a História. Isso é fato. Junto com ela, vem o Cinema. Para aqueles que porventura se encontrem nessa situação de escassez de tempo, uma possibilidade está justamente em recorrer aos chamados Curtas – Metragens.
Obviamente que não faço menção a estes apenas como subsídios alternativos na ausência do tempo, pelo contrário, apenas reforço suas qualidades diante dessa conjuntura. Enfim, os curtas que podem ser tidos até como pílulas cinematográficas – muitas vezes mais significativas e com dose de Arte Total do que obras com temporalidade comum do Cinema – acabaram me aparecendo como o comprimido diário da minha inseparável relação Cinema – História.
É daí que num desses dias de correria, entre a leitura de obras, entre as idas para o estágio, feituras de resenhas para as disciplinas, que num intervalo para almoço/ respirar, acabei por encontrar um curta-metragem, uma animação, com apenas sete minutos de extensão. Inicialmente, o próprio titulo já me chamou a atenção: “A Pequena vendedora de fósforos.” Mais ainda quando eu percebi que junto ao pôster do curta, havia a indicação que ele havia concorrido ao Oscar de melhor curta no ano de 2007, quando fora produzido. Mas não havia ganhado. Mais um motivo para vê-lo.
Poster de divulgação de " A Pequena vendedora de fósforos"
Consegui baixá-lo e procurei assisti-lo com total concentração diante da efemeridade de sua sustância, de seus sete minutos. O Resultado produzido é que temos quase 420 segundos da mais pura dramaticidade e da mais bela pureza narrativa. Uma estória contada evidentemente triste. Contudo, real. Doce e ao mesmo tempo triste. Reflexiva acima de tudo. Histórica porque se baseou em um conto revelador da natureza de um tempo especifico da história de nossa humanidade.
Sem mais rodeios, o curta “A Pequena vendedora de Fósforos”, foi baseada no conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805 – 1875), mundialmente conhecido por seus contos aparentemente infantis, mas que em verdade, possuem no seu sentido latente, uma carga puramente histórica, que ultrapassa a típica doçura e leveza das historinhas infantis.
H.C. Andersen: Um olhar aguçado ao seu tempo.
Aliás, quase como todas as histórias de conto de fadas. Grande parte delas, como João e Maria, ou originalmente Hansel e Gretel, um conto de tradição oral, coletado pelos reconhecidos Irmãos Grimm, a qual narra a triste história de um casal de irmãos, filho de um pobre lenhador, que acaba por abandoná-los na floresta por não ter condições de criá-los, entregando-os então as agruras da pobreza, da miséria. Estes então levam consigo pedaços de pão, que procuram soltar no meio do caminho, para marcar o caminho de casa, mas os pombos comem suas marcas deixadas.
Enfim, é uma história já conhecida e próxima de nossa realidade infantil. Na versão atual, temos que o casal de crianças conseguiu retornar aos braços do pai. Um final feliz. Mas não o que ocorre, conta-se, na sua versão original. Nesta, o casal de irmãos, ao matarem a bruxa, esquartejam-na e a comem devido a sua fome. Ademais, a história original estaria diretamente ligada a momentos conturbados da Idade Média, principalmente quando a fome estaria assolando as populações camponesas. O próprio cenário da floresta, que para o homem medieval, possuía um sentido mágico, assustador, onde residia o pecado, as bruxas, os loucos, os eremitas, e toda ordem de elementos do desconhecido, ajuda a evidenciar isso tudo.
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