Quais mudanças culturais relevantes ocorreram no teatro elisabetano?
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Resposta:
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A época isabelina não se limitou a adaptar os modelos: renovou felizmente a métrica com o verso branco, que imita bem fielmente o verso latino senequista, libertando o diálogo dramático da artificialidade da rima, enquanto se conserva a regularidade de cinco sílabas poéticas em cada verso. O verso branco foi introduzido por Henry Howard quando, no ano de 1540, publicou uma tradução da Eneida usando esta forma métrica, mas deve se esperar a Gorboduck, de Sackville e Norton (1561) para que se usasse no drama para chegar a culminar na epopéia bíblica de John Milton, o Paraíso Perdido. A ideia de se usar uma métrica semelhante ocorreu a Howard pela versão da Eneda de Molza, inventor do Versi sciolti (verso livre). O teatro isabelino introduz, assim mesmo, uma série de técnicas teatrais de vanguarda que foram utilizadas séculos mais tarde pelo cinema e a televisão. O cenário inglês no fim do século XVI (sobretudo em Shakespeare) apresenta uma freqüente e rápida sucessão de cenas que fazem passar rapidamente de um lugar a outro, saltando horas, dias ou meses com uma agilidade quase igual à do cinema moderno. O verso branco trabalha uma parte não menor, conferindo à poesia a espontaneidade da conversação e a naturalidade do recitado.
A Poética de Aristóteles, que definiu a unidade de tempo e ação (a de espaço foi adicionada pelos humanistas) no drama, conseguiu se impor melhor no continente: somente alguns classicistas de estilo acadêmico, como Ben Jonson, seguiram ao pé da letra os preceitos, mas estas personagens não têm a vida dos de Shakespeare, permanecendo (sobretudo no caso de Jonson) em nível de "tipos" ou "máscaras". Foi, sobretudo, graças à renúncia às regras que o teatro isabelino pôde se desenvolver daquela nova forma, nas quais Shakespeare, Beaumont, Fletcher, Marlowe e muitos outros encontraram campo fértil para seu gênio.