Quais foram as vantagens indígenas no combate aos portugueses?
Soluções para a tarefa
Imagine o cenário: século 16, à beira do mar, um navio carrega até a costa um grupo de militares portugueses que caminham em direção à guerra contra os nativos no novo continente.
Sendo o possível para uma nau, chegam cerca de 2.000 europeus, um batalhão menor, se comparado aos milhões de índios que estavam na terra onde ocorrerá a guerra, que é a terra que eles usam e conhecem. Diante desse cenário, parece até inacreditável pensar que os portugueses irão vencer essa guerra e tomar o território para a empresa de colonização.
Em primeiro lugar, é importante destacar a imprudência de um argumento que normalmente se solta quando se trata deste assunto: a ideia de que a tecnologia de guerra e as capacidades técnicas dos portugueses eram superiores às dos indígenas. Esse conceito parte de uma associação falaciosa entre "armas de fogo" e superioridade armamentista.
Além de anacrônico, por pensar que as armas de fogo do 16 eram tão sofisticadas e potentes quanto às atuais, essa teoria ignora a situação real de batalha que atesta as capacidades bélicas do arsenal de cada lado.
Ao contrário do que se pensa, as armas dos índios no Brasil, no México, nos Andes e no Prata eram muito mais práticas e de maior capacidade de dano que as espadas e escopetas lusitanas e espanholas.
Numa situação de guerra na floresta, flechas a longa distância, zarabatanas e o uso do veneno eram mais letais e de maior capacidade de derrubar o inimigo que uma espada empunhada e o trabalhoso uso da ara de fogo, que exige tempo para recarregar e certa distância para mira.
Mas não foi a capacidade tecnológica o agravante que determina a vitória nessas guerras coloniais. Para entender esse processo, é necessário conceber que não eram apenas os portugueses que planejavam vantagens em cima do contato com um povo desconhecido.
Os indígenas não eram burros e viam nos portugueses a possibilidade de aumento de poderes regionais a partir de critérios de capacidade de influência. Por isso muitos irão aceitar presentes como machados e espelhos: entre outros grupos, esses são elementos que possibilitam distinção social e destaque.
Partindo da ideia de que os índios também foram estratégicos e pretenciosos no contato e depois com a guerra, podemos pensar que as guerras coloniais foram guerras que exigiram associações e alianças estratégicas que contribuíram para as batalhas.