Quais as principais realizações e contribuições de Dom Miguel Kruse?
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Resposta:
Um dos nomes mais importantes da História da vida monástica no Brasil
Dom Miguel Kruse nasceu em 17 de Junho de 1864 em Stukenbrock, na Westfália, Alemanha. Seus pais, Ferdinand e Magdalena o batizam com o nome de Heinrich.
Ainda muito cedo, brota no coração de Heinrich o desejo ao sacerdócio. Mas este desejo teve que esperar, pois Bismark desempenhando seu projeto de Kulturkampf, torna a situação difícil, a qual o obriga a ingressar nos estudos seculares. Algo também contribuiu para tal fato: houve o fechamento dos seminários.
Com a idade de 18 anos e alimentando seu desejo ao sacerdócio, embarca num vapor para os Estados Unidos da América. É quando atravessa os umbrais da Abadia Beneditina de Saint Vincent na Pensilvânia.
O bispo da diocese de Porto Viejo, Equador, Schuhmacher, está em busca de sacerdotes para uma missão na América do Sul. Para tal fim, Heinrich é ordenado sacerdote a 9 de abril de 1888. No Equador contrai malária e retorna aos EUA.
Pe Heinrich nunca perdeu o desejo de ser monge beneditino. Sempre teve muito contato com os monges e com as religiosas que seguiam a famosa Regra de São Bento. Esta grande proximidade o fez saber da novidade da restauração da Congregação Beneditina do Brasil pelos monges alemães da Abadia de Beuron, Baviera. É quando toma uma importante decisão e viaja em direção ao Brasil, pedindo admissão ao Mosteiro de São Bento de Olinda.
Eis sua grande e importante missão: Ele será o grande reformador da congregação em vias de desaparecer.
Já com a idade de 33 anos, chega a Olinda a 9 de junho de 1897. Ingressa no noviciado e recebe o nome de Miguel. Profere sua profissão monástica na festa de Pentecostes de 1898 e pouco tempo depois é nomeado prior do mosteiro de Olinda.
É tempo de muito trabalho. Dom Miguel sempre teve um espírito de empreendedor. Em Olinda funda o jornal Estandarte Católico exaltando a fé e a Igreja de Cristo e formando os fiéis no amor, propagando a fé católica.
É transferido para o mosteiro da Bahia, mas não se adapta e é enviado a São Paulo.
A situação do Mosteiro de São Paulo era preocupante. O último monge havia falecido recentemente e pairava os protestos de interesseiros pela “lei de mão morta”. Mas com a presença de Dom Miguel o mosteiro e seus bens permanecem na congregação. É quando se torna prior.
Ora, como bem sabemos, o mosteiro de São Paulo estava deserto. Mas Dom Miguel desenvolve um espírito político com a população e seus governantes.
A ocasião é de efervescência. São Paulo, ao final do século XIX e início do XX, vive um momento de transformação. A cidade está em pleno desenvolvimento industrial e cultural, tornando-se já um ponto de apoio aos imigrantes. Vale ressaltar a presença dos “barões do café” que deram grande impulso no crescimento, formação e urbanização da cidade. É esta São Paulo que Dom Miguel encontra.
O primeiro grupo de monges da abadia de Beuron chega a São Paulo em 1895. Em 1900, a comunidade monástica já é formada por 14 religiosos. É retomado o ofício divino e demais celebrações litúrgicas. O canto gregoriano e as pregações beneditinas passaram a ser assuntos na cidade, atraindo considerável número de fiéis.
Os trabalhos são intensos: é fundado o Estandarte Católico do Sul e o Gymnasio de São Bento em 1903, nas dependências do mosteiro. É também aberto um ginásio noturno para atendimento da população pobre. Dom Miguel também passa a assistir às crianças pobres (engraxates e vendedores de jornais), criando a obra de assistência ao pequeno jornaleiro.
Não mediu esforços em conseguir trazer as irmãs da congregação de Santa Catarina e fundar um sanatório em plena Avenida Paulista no ano de 1906, sanatório conhecido até hoje com o nome de Hospital Santa Catarina.
É nomeado Abade do Mosteiro de São Bento de São Paulo em 1907, quando consolida seu projeto de reforma do cenóbio paulistano.
Funda em 1908 a Faculdade de São Bento, vinculada à Universidade de Louvain, Bélgica. Os cursos oferecidos na época da fundação são filosofia e letras.
O projeto arquitetônico é do alemão Richard Berndl, notável arquiteto e professor da Universidade de Munique. O estilo arquitetônico escolhido foi o neo-românico, tendo a construção pequenas influências diversas.
O que restou da antiga igreja na atual basílica são as imagens de São Bento e Santa Escolástica no altar-mor, de autoria de Frei Agostinho de Jesus – primeiro escultor brasileiro que viveu no mosteiro no século XVII -, um Cristo Crucificado esculpido pelo paulistano José Pereira Mutas, em 1777 e a belíssima imagem de Nossa Senhora da Conceição do século XVIII, num dos altares laterais da igreja.
Dom Abade Miguel Kruse faleceu em 29 de abril de 1929, mas deixou um legado inesquecível.
O Mosteiro de São Bento de São São Paulo, precisa sempre lembrar este grande baluarte de nossa História.
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