História, perguntado por michellerego502, 6 meses atrás

quais as consequências da produção da seda para o Oriente e Ocidente ?​

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Respondido por rhyanfcapello
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Resposta:

Antes, quando Oriente era Oriente e Ocidente era Ocidente, o fosso entre os dois não era somente geográfico, mas também moral e histórico. “Ásia” foi um termo inventado pelos europeus para enfatizar sua própria especificidade; para os imperialistas da era Kipling, as sociedades asiáticas eram atrasadas, despóticas e imutáveis. A Europa, pelo contrário, havia registrado avanços decisivos ao adotar um enfoque científico para as questões humanas – o que justificou seu domínio sobre outros continentes. À condescendência a resposta foi a concorrência. Desde a Restauração Meiji do Japão, em 1868, a modernização da Ásia por muito tempo se tornou uma cópia do Ocidente, ou por admiração pelos europeus ou por repulsa a eles, ou ambas as coisas. As transformações econômicas desde a 2.ª Guerra Mundial foram moldadas em parte pelas necessidades dos mercados ocidentais.

Mas hoje a modernização que a Europa levou no início para a Ásia vem seguindo o caminho contrário. O continente eurasiano hoje está em ebulição com novas conexões, graças aos cabos de fibra ótica, gasodutos, estradas, pontes e zonas de manufatura ligando Oriente e Ocidente. Há dois anos, um trem de carga iniciava viagem em Yiwu, no leste da China, e chegava a um terminal ferroviário a leste de Londres. A façanha foi amplamente simbólica. Ninguém mais duvida que Ásia e Europa estão no mesmo voo.

Esse processo é o pontapé inicial de três novos livros muito estimulantes, que deixam claro que o mapa da política mundial como foi traçado há sete décadas não é mais adequado. Do centro do antigo mapa, como descreve Maçães, o poder dos Estados Unidos irradiava para a Europa e os extremos orientais da Eurásia, agindo como “uma espécie de desenvolvimento futuro contra os perigos emanando do seu núcleo mais profundo”, ou seja, os desafios comunistas representados por Moscou e Pequim.

Hoje a integração cada vez mais profunda do supercontinente eurasiano que emergiu da Guerra Fria, com todas as deslumbrantes cidades que brotaram nos desertos, os portos que vêm sendo construídos ao longo das costas indo-pacíficas, não deveria surpreender os estudantes do capitalismo e do desenvolvimento. Mas muitos especialistas ocidentais em previsões erraram ao imaginarem que esse mundo seria feito à imagem do Ocidente; que ele adotaria não só as teses econômicas ocidentais, mas também os valores políticos liberais, com seu suposto apelo e legitimidade universal. Basta olhar para a extensão de terra da China e da Rússia para ver a insanidade dessa suposição. Outras potências iliberais, particularmente a Turquia e o Irã, vêm usando as glórias históricas do passado para evocar um futuro renovado, projetando poder ao longo de novas rotas da seda.

A integração econômica não está dissolvendo tais diferenças em termos de valores, mas reforçando. E não está claro que América e Europa conseguirão fazer muita coisa a respeito. Difundir os ideais democráticos não é uma prioridade fundamental para os Estados Unidos; o país deseja cada vez mais exercer poder à distância. A Europa Ocidental está se voltando para si mesma – profunda ironia – em resposta às crises que eclodem na Eurásia e chegam até ela, como as ondas de imigrantes e a intromissão da Rússia nas regiões de fronteira da Europa e sua política interna.

Maçães, cientista político português e antigo ministro do Exterior, esboçou alguns dos seus argumentos no livro The Dawn of Eurasia (O Despertar da Eurásia), publicado no ano passado. Em Belt and Road (Cinturão e Rota) ele examina principalmente o papel da China na remodelação do mundo. Até agora o projeto que é a marca do país no campo da política externa, é a iniciativa conhecida como “Um Cinturão, Uma Rota”. Abrangendo diversos países e US$ 1 trilhão em investimentos prometidos em infraestrutura, o objetivo é criar uma nova economia global com a China no centro. Apesar das negativas, esse projeto é também uma peça importante de engenharia geopolítica. Reflete o desejo da China de moldar seu ambiente externo em vez de simplesmente se adaptar a ele. Algumas pessoas se antecipam que esta será a maneira de a China substituir uma ordem internacional liderada pelos Estados Unidos pela sua própria.

Comece com o mapa e a história o acompanha, como fazia Tolkien. Mas não há nenhum plano ou trama, diz Maçães. O presidente Xi Jinping e seus acólitos não são adeptos do determinismo marxista. Lenin é o melhor modelo quando aproveitam a chance fugaz de mudar o curso da história.

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