História, perguntado por KarineSilva154, 11 meses atrás

Quais as caracteristicas do renascimento Cultural?

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Respondido por rsousatete35
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 O Renascimento foi um facto predominantemente cultural, incorrendo na literatura, nas artes, na educação, na ciência, na filosofia, que se verificou a partir do séc. XIV até ao princípio do séc. XVII, em diversos países da Europa. Começou na Itália, com o Humanismo e passou para outros países, ganhando características próprias de cada cultura nacional. Não há dúvida que os contemporâneos dos séc. XV e XVI encontravam-se persuadidos de viver numa época renovada, de re-nascença, que contrariava a época das “trevas”, rispidez do período milenar medianeiro que os separava da Antiguidade Clássica. Esta visão, difundida pelos humanistas e que persistiu até à actualidade vale reservas, quer pelo reconhecimento da existência de períodos anteriores representados por muita atenção na cultura da Antiguidade Clássica, quer pela impossibilidade de acharmos incultos e bárbaros os arquitectos e artesãos responsáveis pela construção das catedrais góticas, quer ainda por um grau notável de sequência, entre a Idade Média e o Renascimento. O Renascimento italiano abre-se com a voracidade exteriorizada pelos humanistas em descortinar e reaver os textos originais das obras de autores da Antiguidade greco-latina. Para além dos contributos precursores de Dante e Bocaccio na literatura e de Giotto na pintura, o papel realizado por Petrarca considera-se categórico na reacção contra o ensino encarado inaceitável e ineficaz da Escolástica e respectiva ênfase desmedida em valores transcendentais, tal como na nova óptica histórica de assumir os autores clássicos dentro do contexto secular e na aplicação dos valores por si difundidos, especialmente o republicanismo da Roma antiga. Fixa-se a supremacia do latim e do grego clássicos, a necessidade de retomar os originais, tendente a um esforço intenso de pesquisa de manuscritos e de passar à apreciação crítica de variantes do mesmo texto, terminando na origem da linguística e na hegemonia das humanidades (gramática, poesia, história, filosofia), firmada a partir dos meados do séc. XV por Lorenzo Valla e Angelo Poliziano, entre outros. Numa delimitação qualificada por vastas guerras, mas também por um progresso económico significativo, os portadores do poder político das Cidades-Estado italianas protegem as actividades dos humanistas e dos artistas plásticos pela ambição de sucesso e de glória pessoal, por patriotismo para com a sua cidade e também por terem dado conta da importância prática e das obras de filosofia de Platão e Aristóteles, de oratória de Cícero e de ética e história de Séneca, Plutarco, Heródoto. Os valores de liberdade, de igualdade e a viva participação política dos cidadãos são retidos pelas repúblicas italianas que os empregam na defesa real da sua liberdade política. Este reconhecimento estreita-se nos ideais da Roma clássica republicana e o melhor conhecimento do passado tem consequências contraditórias de afastamento, representado numa consciência de anacronismos medievais e da especificidade histórica da Antiguidade. A história deixa de ser encarada em função da Igreja e seculariza-se, passando a consagrar-se a um mundo assente no homem, como revelam as obras de Maquiavel. Assim, a relevância prática do conhecimento da história, da filosofia, da ética e da oratória clássicas, associada ao apego da tradução dos textos e à maior acessibilidade dos livros facultada pela invenção da imprensa por Gutenberg traz ecos notórios na educação das elites, concorrendo para a análise das humanidades e para a prática regular de exercícios físicos. A ideia no carácter modelar da Antiguidade greco-latina e sua interferência secularizante, tal como o crescente interesse despertado pelo Homem, despontam ainda em Itália pelo desenvolvimento vigoroso das artes plásticas que parece fundamentar a originalidade italiana e paganismo subentendido. É importante ainda realçar, que a Itália não foi o único centro renovador. Também nos Países Baixos, Jan van Eyck e Roger Weyden aprimoraram a técnica da pintura a óleo que viria a ser muito admirada pelos italianos. No aspecto cultural alemão, Holbein e Albrecht Durer incrementaram temas e formas de representação variados do sentido de equilíbrio e de harmonia convencionais da pintura renascentista italiana. Isso não desvaloriza em nada o excepcional valor da descoberta da perspectiva e das muitas obras de Botticelli, de Leonardo da Vinci, de Rafael e de Miguel Ângelo, servindo antes para salientar que, como fenómeno da Europa, o Renascimento transcende os sucessos italianos e materializa-se também nos Descobrimentos portugueses e espanhóis, nas obras de Erasmo, Camões e Shakespeare, Montaigne e Cervantes. Em França, a influência renascentista italiana no sector das artes associou-se às campanhas militares desenvolvidas pela dinastia Valois em Itália, sendo evidente pela inserção de motivos clássicos e referências mitológicas em castelos e mansões senhoriais de estilo gótico.
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