Quais ações você considera como prioritárias para a integralidade das ações direcionadas a saúde da mulher?
Mim ajudem
Soluções para a tarefa
Resposta:
éticos, ideológicos e subjetivos dos profissionais,
pois envolvem interpretação, ajuizamento e decisão
pessoal na aplicação do conhecimento científico às
situações concretas e singulares [...]12.
A atenção primária é a “porta de entrada” para a rede de
serviços de saúde e também para uma multiplicidade de
demandas sociais que acabam por se traduzir em demandas de
saúde, estas se encontrando na fronteira entre os “problemas
da vida” e a patologia propriamente definida. Daí a importância
das “tecnologias de conversas”, que facilitam a identificação
das necessidades que podem vir a ser satisfeitas no serviço de
saúde ou em outro espaço institucional13.
Embora as(os) profissionais que participaram do estudo
valorizassem as relações que se dão na vida privada como fator
que interfere nas buscas das mulheres por atenção à saúde,
convive-se no serviço com a contradição entre o que é dito nos
discursos e o que é oferecido concretamente às mulheres pelo
grupo que a atende. Isso porque se referem à relação
profissionais-usuárias apontando o desrespeito como
característica, o que constitui violência institucional. Assim,
nos espaços público e privado, profissionais e parceiros
respectivamente limitam ou interditam a liberdade das
mulheres; são revelados nos depoimentos a seguir os conflitos
da vida privada que expõem as mulheres aos agravos à saúde,
à violência e à opressão:
O marido só aparece na hora de fazer filho [...] ele
não é o mantenedor do lar, ele não faz nada, porque
ela trabalha, a maioria que eu atendo lá são
mulheres que trabalham como doméstica, são
mulheres que trabalham como diarista, e mais, são
mulheres sofridas. Ele ainda vem e toma o
dinheirinho dela, entendeu? (Violeta).
Quando ela fala até de cuidar dela, até pela questão
do marido achar que ela vai se mostrar, que ela
quer mostrar o corpo às vezes ele não quer que ela
seja atendida por homem, não é? [...] E proíbe
muito, proíbe na maioria das vezes essa mulher de
ir ao ginecologista de cuidar dela própria, né?
(Hortência).
A limitação ou interdição da liberdade das mulheres constitui
também violência de gênero. A forma estereotipada de tratar a
mulher segundo atributos de gênero é determinante de uma
inculcação cultural de dependência e subordinação ao homem,
responsabilizando-o pela sua proteção. Isso vai conferindo poder
sobre o corpo feminino, subjugando as mulheres às vontades
dos “homens da casa”, de modo que muitas vão incorporando e
somatizando um esquema de submissão ao poder masculino
(grifos da autora)14.
Nesse contexto, a ação multiprofissional e a articulação
intersetorial tornam-se essenciais na tentativa de atender as
Explicação: