“Primo Levi, ao narrar sua vivência como prisioneiro de um campo de concentração nazista, afirmou que o tempo vivido no lager movia-se como se a história tivesse parado (Levi, 1988). Gondar (2013) observa que a sensação de paralisação é frequente nas pessoas que vivenciaram situações traumáticas devido à ausência de domínio da energia pulsional, pois a vivência, não sendo representada psiquicamente, aparece para o sujeito como sempre atual e, por isso, apassiva o sujeito.
[...] No caso da vivência traumática, o trabalho da repetição busca, pelo desenvolvimento retroativo da angústia, realizar um movimento preparatório para o processo de ligação e de domínio das excitações decorrentes do evento traumático. Todavia, o resultado dessa busca pela liberação da energia desligada retrata a falha na ação da defesa e da angústia-sinal que deixou o campo livre para o impacto desorganizativo do fator surpresa/susto, produzindo uma sensação de perigo de morte (Giacoia,2008; Uchitel, 2001). Da Rosa (2014) ressalta, ao fazer um comparativo entre o incêndio na boate na Argentina (Cromañon) e o incêndio em Santa Maria, que uma das estratégias perceptíveis para suportar a experiência da vivência do desastre está ligada à posição subjetiva de cada vínculo e dos elementos reais, imaginários e simbólicos implicados na batalha pulsional entre a pulsão de vida e a pulsão de morte. A escuta psicanalítica foi destacada pela autora como uma possibilidade de transpor a sensação de vazio, de desamparo, possibilitando criar um caminho representacional para o trauma, reconstruir ativamente uma história para o sofrimento e o laço social abalado.”
(COSTA, A. M.; PACHECO, M. L. L; PERRONE, C. M. Intervenções na Emergência: A Escuta Psicanalítica Pós-desastre na Boate Kiss. Revista Subjetividades, Fortaleza, v. 16, n. 1, p. 155-165, abr. 2016.)
A partir do trecho apresentado, analise as afirmativas a seguir sobre a escuta psicanalítica:
Entende-se que a psicanálise como método de tratamento é produtora de efeitos terapêuticos.
I. A psicanálise não tem como objetivo uma cura, pelo menos não está aos moldes do tratamento clínicomédico até porque “Freud concebeu a análise como interminável”.
II. Pode-se falar que o processo analítico almeja sim uma cura apenas se esta for ao sentido trazido por Lacan, com a compreensão desta palavra não como designação propriamente de eliminação de um mal, mas em sintonia com a palavra francesa cure, vista como sinônimo de “tratamento, análise ou tratamento analítico.”
III. Quanto ao processo analítico, entende-se que em psicanálise o “falar” corresponde a um “escutar”. Nesta perspectiva, o escutar do analista pressupõe um ato de simples percepção.
IV. A associação livre e a atenção flutuante são processos concomitantes com o que se configura escuta psicanalítica. Esta escuta não tem função ativa, pois coloca em movimento o sujeito, fazendo-o falar, deparar-se com o seu não saber, com suas dúvidas sobre si e sobre o mundo.
V. A escuta psicanalítica é passiva, provoca o analisando a se colocar diante de suas próprias palavras, leva-o a examinar e se dar conta de sua própria singularidade e se implicar com ela, isto é, dar consequências, decidir o que fazer com isso.
Sobre a veracidade do que foi apresentado (V – verdadeiro ou F – falso), os itens são respectivamente:
a.
V, V, F, V, V.
b.
V, V, F, F, F.
c.
V, V, V, F, F.
d.
F, V, F, V, V.
e.
V, F, F, V, V.
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Resposta:
B. V, V, F, F, F
Explicação:
Coloquei na avaliação e estava certo!
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