preciso urgente de uma cronica, com introdução e conclusão
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Café, sempre. Xícara bem-servida, frescor do feito há pouco, tradicional, porque ele precisa de energia para encarar esse desafio.
Anteontem, provocou o destino e executou o plano de sair de casa. Saiu, caminhou até o fim da rua. Ao voltar para casa, suava, arfava, tremia. Teve de se sentar no chão, ali mesmo, na soleira. A porta ainda aberta para o mundo. Ficou ali até a respiração normalizar e ele entender que estava a salvo.
Não seria o anteontem o dia em que a morte o cortejaria, só porque ele deu uma volta pelo lá fora. Apesar de ele ter sentido as mãos geladas dela sobre seus ombros, durante toda a apressada caminhada.
Sim, o lá fora o deslumbra, embora o amedronte com mais vigor. Não sabe como, sobre quando, tem suas dúvidas. Fato é que esses passeios sazonais pela Rua Vinte e Sete têm sido o contato mais íntimo que mantém com o lá fora.
A cada seis meses.
Por sorte, tem jardim na sua casa. Ele é amplo e tem cores variadas. E ele gosta do sol. Às vezes, fica por lá, quarando-se. Deitado na grama verde, verde.
Enquanto se quarava, ainda no anteontem, teve esse ímpeto, essa coisa estranha a lhe cutucar pensamento. Foi assim que saiu da agenda, da programação, da rotina que tem possibilitado sua sobrevivência.
Mas então, veio o ontem.
Ontem, ele quebrou acordo que mantinha consigo mesmo e bateu recorde de ousadia. Caminhou até a banca de jornal que ficava ali, do outro lado da rua. Primeiro, abismou-se diante do fato de que elas ainda existam. Sim, ele observa a banca da sua janela, por um longo tempo.
Aproximar-se é diferente.
Bancas de jornal fizeram parte de sua infância, que teve um tio jornaleiro. Mas ele entende que há certo romantismo nessa vista, nessa lembrança. Tudo o ele que precisa, encontra nessa banca de caos que é a internet. Seria muito mais sofrido viver o que ele vive, não fosse ela.
Mas veja, há um prazer imenso que vem com o tocar o papel, folhear páginas. Nem importam as notícias. E trazer as lembranças para o hoje, de quando ele corria ao redor da estrutura de metal abarrotada de papel, sob o olhar vigilante de seu tio.
Ao voltar para casa, precisou se arrastar, literalmente, das escadas da entrada até a porta. A energia sumiu dele, decidida. Ficou ali, sentado, observando o movimento da rua como se assistisse a filme antigo. Então, recuperado, arrastou-se de vez para dentro da casa e bateu a porta.
Passou ainda um bom tempo ali, deitado no chão.
Não costuma pensar sobre quem seria se fosse capaz de trafegar pelo mundo. Por sorte, tem um trabalho que lhe permite ficar em casa. Por sorte, praticamente qualquer coisa pode ser entregue em casa. Por sorte, ele tem tevê a cabo, porque há coisas que precisam continuar como eram. Ligar e desligar o aparelho herdado do pai, que a herdou de seu pai. Heranças são complexas. Ele herdou a tevê, a casa e as fobias de seus pais.
Ele pensa que fobias são engraçadas, até não ser mais possível enquadrá-las como excentricidades. Quando elas se apoderam da sua condição de doença.
Ele tem se esmerado em progredir, porque tem aquele restaurante que gostaria de conhecer, pessoas que adoraria visitar, universos que seria catártico descobrir.
Lugares que sonha em conhecer.
Uma caneca quase cheia de café fresco, feito agora há pouco. Senta-se em sua poltrona confortável, onde seu avô costumava se sentar e permitia que ele se espalhasse em seu colo para assistirem juntos a algum programa. É inevitável relembrar cores, cheiros e barulhos de um passado de casa cheia, de ele sendo alguém lidando com descobertas. De bem antes dos fantasmas que o acompanham.
Não há nada mais compensador do que aprender o mundo. Aprender com o outro, assim, na conversa, no conhecimento adquirido porque você estava disponível para escutar o que era dito.
Senta-se ali, e enquanto bebe seu café, tradicional, visita tantos lugares que não visitará.
Cair no mundo. Não seria extraordinário?
Quem sabe na próxima ousadia.
Anteontem, provocou o destino e executou o plano de sair de casa. Saiu, caminhou até o fim da rua. Ao voltar para casa, suava, arfava, tremia. Teve de se sentar no chão, ali mesmo, na soleira. A porta ainda aberta para o mundo. Ficou ali até a respiração normalizar e ele entender que estava a salvo.
Não seria o anteontem o dia em que a morte o cortejaria, só porque ele deu uma volta pelo lá fora. Apesar de ele ter sentido as mãos geladas dela sobre seus ombros, durante toda a apressada caminhada.
Sim, o lá fora o deslumbra, embora o amedronte com mais vigor. Não sabe como, sobre quando, tem suas dúvidas. Fato é que esses passeios sazonais pela Rua Vinte e Sete têm sido o contato mais íntimo que mantém com o lá fora.
A cada seis meses.
Por sorte, tem jardim na sua casa. Ele é amplo e tem cores variadas. E ele gosta do sol. Às vezes, fica por lá, quarando-se. Deitado na grama verde, verde.
Enquanto se quarava, ainda no anteontem, teve esse ímpeto, essa coisa estranha a lhe cutucar pensamento. Foi assim que saiu da agenda, da programação, da rotina que tem possibilitado sua sobrevivência.
Mas então, veio o ontem.
Ontem, ele quebrou acordo que mantinha consigo mesmo e bateu recorde de ousadia. Caminhou até a banca de jornal que ficava ali, do outro lado da rua. Primeiro, abismou-se diante do fato de que elas ainda existam. Sim, ele observa a banca da sua janela, por um longo tempo.
Aproximar-se é diferente.
Bancas de jornal fizeram parte de sua infância, que teve um tio jornaleiro. Mas ele entende que há certo romantismo nessa vista, nessa lembrança. Tudo o ele que precisa, encontra nessa banca de caos que é a internet. Seria muito mais sofrido viver o que ele vive, não fosse ela.
Mas veja, há um prazer imenso que vem com o tocar o papel, folhear páginas. Nem importam as notícias. E trazer as lembranças para o hoje, de quando ele corria ao redor da estrutura de metal abarrotada de papel, sob o olhar vigilante de seu tio.
Ao voltar para casa, precisou se arrastar, literalmente, das escadas da entrada até a porta. A energia sumiu dele, decidida. Ficou ali, sentado, observando o movimento da rua como se assistisse a filme antigo. Então, recuperado, arrastou-se de vez para dentro da casa e bateu a porta.
Passou ainda um bom tempo ali, deitado no chão.
Não costuma pensar sobre quem seria se fosse capaz de trafegar pelo mundo. Por sorte, tem um trabalho que lhe permite ficar em casa. Por sorte, praticamente qualquer coisa pode ser entregue em casa. Por sorte, ele tem tevê a cabo, porque há coisas que precisam continuar como eram. Ligar e desligar o aparelho herdado do pai, que a herdou de seu pai. Heranças são complexas. Ele herdou a tevê, a casa e as fobias de seus pais.
Ele pensa que fobias são engraçadas, até não ser mais possível enquadrá-las como excentricidades. Quando elas se apoderam da sua condição de doença.
Ele tem se esmerado em progredir, porque tem aquele restaurante que gostaria de conhecer, pessoas que adoraria visitar, universos que seria catártico descobrir.
Lugares que sonha em conhecer.
Uma caneca quase cheia de café fresco, feito agora há pouco. Senta-se em sua poltrona confortável, onde seu avô costumava se sentar e permitia que ele se espalhasse em seu colo para assistirem juntos a algum programa. É inevitável relembrar cores, cheiros e barulhos de um passado de casa cheia, de ele sendo alguém lidando com descobertas. De bem antes dos fantasmas que o acompanham.
Não há nada mais compensador do que aprender o mundo. Aprender com o outro, assim, na conversa, no conhecimento adquirido porque você estava disponível para escutar o que era dito.
Senta-se ali, e enquanto bebe seu café, tradicional, visita tantos lugares que não visitará.
Cair no mundo. Não seria extraordinário?
Quem sabe na próxima ousadia.
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