Preciso urgente de um conto de ação
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Um sonho povoado esquecido e deslumbrante
A Carta de Uojahfel
Meu caro senhor,
Saiba que depois de tua vinda a este lugar esquecido, as luzes acenderam-se nas mentes vazias de todos nós deste povoado.
Isto que sou eu, um velho e cansado instrumento, agradece.
O modo como tuas lâminas e teus homens abriram caminho pelos espinhosos dentes das serras, pelas folhas afiadas das distorcidas matas encipoadas foi algo titânico. Não encontrei referência em nenhuma enciclopédia.
Há tanto tempo estávamos esperando a chegada de um libertador. Do libertador. A tantas crianças e adultos falei vezes sem conta que a terra era imensa enquanto os ensinava a escrever e ler nos vários salões da vasta biblioteca que não estão em ruínas.
Falei a eles sobre o grande pacificador que és tu. Tu um dia virias e tínhamos de estar preparados. Falei a eles sobre os gigantes e também sobre os inomináveis, assim como sobre os livros do enlouquecido Ragulli, do enfeitiçado Paheeit e o possuído Wullamad.
Parece que a estrutura desta guardiã do conhecimento, é tão imortal quanto o sol. Tão imortal quanto o conhecimento que ela encerra.
Imortal também é tua glória, meu senhor. Marcaste a face do mundo. Depois de ti, nada nunca mais será o mesmo. Tu sabes, eu sei e todo o mundo conhecido também.
Ficaste surpreso ao saber que aqui no meio desta natureza impiedosa, selvagem cheia de penhascos, rios furiosos, feras, cobras, escorpiões, aranhas e fantasmas existia um povo que sabia falar, ler e ainda por cima; eram bibliotecários.
Também fiquei surpreso ao saber que ao chegar aqui, estavas apenas conhecendo apenas mais um ínfimo pedaço da vastidão de tuas terras.
Triste fiquei quando me disseste a beira do intenso fogo que nunca apaga-se não ser possível conhecer todas as áreas que conquistastes com sacrifícios imensos lado a lado com teus irmãos de armas entre gritos, fogo e sangue no espaço de uma vida inteira.
Eu também me angustio de uma forma parecida mas, encerrado na minha grande mediocridade se comparada a tua incontestável grandeza.
O que me maltrata é saber que nunca poderei ler todos os livros da imensa biblioteca onde praticamente nasci e cresci. Meus pais eram também bibliotecários. Estamos aqui vivendo e morrendo cuidando destes livros há não sei quantas eras.
Quando penso nisto meu pensamento pássaro voa longe para trás no tempo meu senhor.
Vejo tudo tão longe e o que vejo é resplandescente.
É cheio de glória.
Abriste uma larga estrada até aqui e calçaste com pedras de granito, massa areia e pedriscos. Teus trabalhadores são da quantidade de países ancestrais que li em tomos há muito dado como perdidos. Tua contabilidade ultrapassa o mais opulento pacificador que tenha tido o privilégio de conhecer através do diálogo com seus historiadores há muito mortos transmutados em sabedoria e palavras que nós aqui mantemos. E que alegria imensa a nossa saber que tu e teus arquitetos planejam reformar a biblioteca. Na verdade, as reformas já estão quase completas, mas planejam ampliar ainda mais a biblioteca. Os carregamentos de livros não cessam de chegar e chegar. Mandaste trazer livros de todas as partes do império para cá. Ó maravilha das maravilhas. Pela luz que ilumina e faz arder este couro encarquilhado que sou como sou feliz agora.
Os escribas geniais que enviastes, os tradutores, os mestres de iluminuras a ouro, os historiadores já chegaram e junto conosco estão trabalhando furiosamente num ritmo que alucina e enche minha bomba sanguínea de calor apesar da velhice que me abraça intensamente.
Ah Alexandre, agora sim! Estamos bem.
Eu, meus pais, minhas filhas, meu povo jamais seremos esquecidos graças a ti pois, estamos com livros. Estamos contigo. A vasta Biblioteca de Alexandria 0.01 é realidade sim e minhas noites são longas três horas de magnífico sono tranquilo. Não há nada que possa deter nosso trabalho.
Aqui não é Babel.
A Biblioteca de Alexandria será para sempre.
Todo o sempre.
Reverentemente despeço-me de tua grandeza.
Teu servo eterno,
— Uojahfel, o isto.
Fim Espero Ter Ajudado