Preciso de um resumo sobre o filme The Square na visão dos protestantes.
Vlw
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O fato de The Square: A Arte da Discórdia ter saído do Festival de Cannes com a Palma de Ouro debaixo dos braços é uma ironia nada alheia a própria que o diretor Ruben Östlund constrói em seus 140 minutos de filme. Tal qual como o próprio museu onde as ações do longa se desenrolam, Cannes é a vitrine para a apreciação da suposta arte contemporânea e seu entendimento/não-entendimento, ou o olhar hermético sobre o que pode ser considerado ou não uma obra de arte, discussão essa ainda muito em voga no cinema, e nas produções artísticas em geral. The Square não mede esforços para estereotipar e ridicularizar todo este campo a partir da figura de Christian (Claes Bang), o gerente do museu.
E Östlund é ágil em estabelecer o tom da brincadeira nos primeiros frames. Na primeira cena, Christian é entrevistado por Anne (Elisabeth Moss) e se vê em meio a indagações sobre a leitura das exposições, sobre sua suposta erudição simplesmente por ser o gerente do museu, ou sobre o que torna a arte em arte. Nos minutos seguintes, uma mulher posicionada de frente para o museu pergunta insistentemente para as pessoas à sua volta “você quer salvar uma vida?”, porém é prontamente ignorada por todos os sujeitos de terno e gravata que passam ao seu lado, inclusive Christian. Quando a primeira situação bizarra se desenha após esse estabelecimento da temática social de The Square, Östlund vai desmontando sua sátira do constrangimento sobre o a elite pomposa, a vaidade intelectual e o choque de imagens entre os que vivem acima e os que se encontram à margem.
De intenção provocativa, The Square dá vida a uma diversidade de coadjuvantes, sejam eles de representação maior ou menor, que lançarão Christian num mar de “esquetes” (no melhor sentido dessa palavra) que variam do riso ao desconforto em transições muitíssimo bem pensadas, e nela temos desde um espectador de uma palestra que verbaliza diversas frases grotescas devido a sua Síndrome de Tourette até um garoto raivoso por Christian ter escrito cartas e jogando-as para dentro de um condomínio localizado numa comunidade pobre após seu celular ter sido roubado. The Square trabalha com o inusitado, com a batalha interna e externa sobre o comportamento ético da elite moderna e seu interior mais “animalesco” e vingativo. E o principal capricho do roteiro está na sua habilidade em manter este humor em alta e crescente mesmo com a longa projeção, culminando na cena do jantar onde esta tal elite é posta cara-a-cara com o animalesco que lhes é apontado como a arte visceral, mas num plano-sequência aterrador, se transformar no próprio terror dos mesmos.
E como o personagem instável que é desenhado, é tão curioso quanto acompanhar o reagir de Christian as situações que lhe puxam para fora de sua zona de conforto, seja pelo envolvimento sexual com Anne (“Me dê a camisinha!”), pela atitude com os bilhetes, a mendiga que exige um sanduíche específico quando Christian se oferece para comprar-lhe algo, e por aí vai. Os desenlaces são estabelecidos com a ironia, e pequenos outros pontos como Christian dando todo o seu dinheiro para a mendiga quando algo de bom lhe acontece finalmente algo de bom lhe acontece carregam muito o que dizer em meio aos risos da hipocrisia de primeiro mundo.