História, perguntado por matheusENEM, 1 ano atrás

Preciso de tudo sobre a ARQUEOLOGIA BRASILEIRA.

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Respondido por AlissonJunior1
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 A arqueologia brasileira é uma das pioneiras, apesar de isso parecer pouco provável. Dom Pedro I iniciou a arqueologia brasileira, trazendo para o país os primeiros artefatos arqueológicos, como múmias egípcias e outros materiais. Dom Pedro II casou‑se com uma princesa napolitana e coletou material arqueológico de Pompeia, Etrúria e muitos outros lugares. O Museu Nacional do Rio de Janeiro era projetado para ser rival do Museu Britânico e do Louvre, deixando, assim, de lado a antiga metrópole, Lisboa. O imperador fundou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro contemporâneo e similar à Academia Francesa. Nesse planejamento a arqueologia desempenhava um importante papel, projetada para estabelecer raízes entre ambos, Velho Mundo (arqueologia clássica e egípcia) e Novo Mundo (arqueologia pré‑histórica). Por algumas décadas, a arqueologia foi o centro da ideologia imperial do Brasil e isso explica seu desenvolvimento precoce. O fim da monarquia levou ao declínio da arqueologia durante a República Velha (1889–1930). Nos anos 1930 a forte influência do nacionalismo deu um novo ímpeto para a história e o patrimônio: o ideal colonial deveria servir para a construção da nação. O período colonial foi escolhido como aquele definidor da sociedade brasileira, em particular durante o período da ditadura fascista do Estado Novo (1937‑1945), mas a arqueologia como uma atividade acadêmica começou nessa época como uma reação contrária ao autoritarismo.

Paulo Duarte (n. 1899) foi uma figura chave nesse movimento. Duarte era um ativista político democrata durante os últimos anos da República Velha e contribuiu para a fundação da primeira universidade brasileira, a Universidade de São Paulo (1934), moldada em uma abordagem humanista de ensino. O Musée de l'Homme serviu de modelo para considerar os povos indígenas como seres humanos igualmente importantes. Como idealista, Duarte tinha um sonho: a criação do Museu do Homem Americano, inspirado pelo exemplo parisiense. Ao retornar ao Brasil, de Paris, Duarte liderou um movimento pelos direitos indígenas e como consequência da arqueologia pré‑histórica, durante o período liberal entre 1945 e 1964. Ele foi capaz de organizar a Comissão de Pré‑História e depois o Instituto de Pré‑História, que ele conseguiu atrelar à Universidade de São Paulo, um movimento muito importante para que a arqueologia pudesse, pela primeira vez, se tornar um ofício acadêmico no Brasil. Devido à sua amizade com Paul Rivet (n.1876), Duarte foi capaz de atrair, pela primeira vez, arqueólogos profissionais para o Brasil, Joseph e Annette Laming‑Emperaire, discípulos de Rivet e pré‑historiadores pioneiros que estudavam arte rupestre como evidência de cultura humana, em oposição à tradicional arte alta e baixa. Isso era parte do movimento humanista decorrente de Lévi‑Strauss, Marcel Mauss e André Leroi‑Gourhan, todos eles enfatizando, de maneiras diferentes, como todos os seres humanos são capazes de representar o mundo com símbolos. De novo, a pré‑história não foi apenas um tema digno de investigação devido a razões intelectuais, mas como uma declaração da humanidade em si: somos todos portadores de cultura. Não é coincidência que a arte rupestre tenha desempenhado um papel especial, pois desenhar em cavernas e inscrever em pedra revela‑se a maior característica humana, a da comunicação. Todos os seres humanos dominam a linguagem.

Logo após o golpe militar de 1964, um Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (Pronapa) foi acertado em Washington D.C., em coordenação conjunta com as novas autoridades brasileiras e sob a liderança do Smithsonian Institution, sob o comando de Clifford Evan e Betty Meggers. O Pronapa estabeleceu um programa de levantamento ativo por todo o país, particularmente preocupado com áreas estratégicas, contribuindo para o esforço de controle do território no contexto da Guerra Fria. Os princípios teóricos e empíricos eram muito reacionários e anti‑humanistas, promovendo o conceito de que os povos nativos eram preguiçosos e o país pobre devido às condições naturais. Os cinco primeiros anos (n. 1965) foram seguidos por um segundo período na bacia amazônica (Pronopaba). Durante esse longo governo ditatorial, uma rede de arqueólogos criada nessas circunstâncias nefastas moldou o campo, dificultando a liberdade e o humanismo.

A luta contra a ditadura se intensificou nos anos 1970 e em 1979 uma anistia foi concedida pelos militares, o que permitiu a muitos exilados voltarem, partidos políticos foram logo legalizados e as eleições diretas para cargos oficiais em 1982 possibilitaram uma ampla gama de atividades acadêmicas e políticas. O final do governo ditatorial, em março de 1985, marcou assim uma nova fase para o país e para a arqueologia.

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