História, perguntado por annanascimento10, 8 meses atrás

Pq tira dentes foi esquartejado ao lado da imagem de Jesus Cristo ?

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Respondido por isabelalopessantos9
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Resposta:

Um herói. Toda nação possui um herói nacional como ideal, alguém que mereça ser copiado e resuma o espírito altruísta de um povo. Oficialmente, no Brasil Tiradentes - que é homenageado no dia de hoje - é considerado herói da Inconfidência Mineira, movimento de independência de Portugal abafado no século XVIII.

Contudo, a imagem da representação do martírio do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, assemelha-se demasiadamente ao martírio de Jesus, e que será celebrado amanhã na Paixão de Cristo. Nas últimas décadas, historiadores passaram a recontar diversos episódios da história brasileira. Sobrou também para Tiradentes ser rescrito.

A imagem clássica de Tiradentes projeta-se sobre a imagem do Cristo, ambos martirizados. No entanto, pelos costumes da época, especialistas refutam a barba e os cabelos longos que remetem de imediato a várias imagens clássicas de Cristo martirizado na cruz.

O quadro que melhor retrata essa junção de personagens é o Tiradentes esquartejado, de Pedro Américo, datado de 1893 e que está no Museu Mariano Procópio. A pintura foi confeccionada logo após a Proclamação da República (1889).

O professor de história do Brasil da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Unesp de Bauru, Célio Losnak analisa que essa imagem reforçou a aproximação entre o martírio do defensor da liberdade, Tiradentes, com a Paixão, o martírio de Cristo.

Tiradentes era alferes, patente de oficial abaixo de tenente na hierarquia militar antiga. Na condição de militar não era comum barba e cabelo compridos. Ainda no período de prisão, os pelos eram cortados como prevenção a piolhos e, no momento da execução, aqueles condenados à forca deveriam ter a cabeça e a barba raspadas. Uma imagem que em nada lembra o pintura de Pedro Américo.

Losnak explica que, no século 19, Tiradentes não era reconhecido como um herói. Ele recupera o estudo do historiador e cientista político José Murilo de Carvalho, autor do livro "A formação das Almas: O imaginário da República no Brasil", com edição da Cia da Letras. Segundo Losnak, Carvalho demonstra que o grupo diretamente envolvido na Proclamação percebe que o movimento foi orquestrado e realizado por uma elite política e que necessita imprimir legitimidade ao projeto republicano brasileiro.

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