Por um mundo no qual mulheres não se encolham - RUTH MANUS
No metrô. No ônibus. Na poltrona do avião.
Eu estava no metrô. Era um daqueles vagões no qual os assentos não são em duplas, mas numa sequência de vários lugares lado a lado, com as costas encostadas à janela. Reparei que bem na minha frente havia um homem com as pernas absolutamente abertas, jogado no assento como se estivesse no sofá de casa. Dois assentos para o lado havia outro homem, mais velho, menos jogado, mas com as pernas igualmente abertas. No meio dos dois uma senhora não muito magra juntava bem as suas pernas para desviar das deles, que invadiam o assento dela.
Alguns justificarão dizendo “ah, mas homens têm testículos, por isso precisam abrir as pernas”. Sinceramente, para justificar aquilo eles deveriam ter testículos do tamanho de melancias. Não há qualquer justificativa para aquela falta de bom senso e de preocupação com o outro, exceto o machismo nosso de cada dia que faz com que a maioria dos homens- mesmo que inconscientemente- sinta-se excessivamente à vontade mundo afora.
Comecei a reparar que a cena se repete diariamente no transporte público. Mulheres se encolhem cada vez mais para evitar encostar em homens que não estão lá muito preocupados em reparar se estão invadindo o espaço alheio- sem querer ou de propósito-, sob a frágil justificativa de precisarem de um espaço que é no mínimo o dobro do que eles realmente precisam.
Desde que fiquei atenta para isso, minha vida ficou um pouco mais complicada. Porque comecei a me negar a ficar encolhida. Comecei a negar a concessão do meu espaço a quem não tem direito a invadi-lo. E me obriguei a parar de ter medo de dar algumas joelhadas e cotoveladas de leve, para que eles percebam que o comportamento deles incomoda.
Mas não parou por aí. Mês passado peguei um voo e descobri uma outra modalidade de invasão inconsciente. Nos transportes nos quais há apoios para braço que servem a poltrona de dois passageiros ao mesmo tempo- bingo- quase sempre quem apoia o braço é um homem. Se a mulher estiver na poltrona do meio, entre dois homens, a probabilidade dela estar sem nenhum dos dois apoios para braços é altíssima.
Flagrei-me, naquele voo, na seguinte situação: meu vizinho de poltrona (um rapaz simpático e magrinho) assistindo a um filme com os dois braços abertos e apoiados, e eu, trabalhando no computador com os braços encolhidos junto ao corpo, já que o cotovelo dele já estava dentro da minha poltrona. Eu, que já andava pensando nesse assunto, fiquei meio travada, incomodada e sem saber o que fazer. Acabei utilizando meu cotovelo para lentamente derrubar o cotovelo dele de cima do apoio, como quem diz AGORA SOU EU. Situação ridícula, né? Não deveria ser assim.
Posso me encolher, sem problema algum, quando houver uma pessoa muito grande ao meu lado. Ou alguém com bagagem no metrô. Ou alguém trabalhando no computador enquanto eu assisto a um filme no avião. Mas eu percebi que não estou mais disposta a me encolher em função do conforto excessivo de um homem qualquer, em prejuízo do meu. E percebi que não é preciso brigar, nem nada. Basta pararmos de ter medo de seus joelhos e cotovelos. Sutilmente eles vão percebendo que o nosso espaço é tão relevante quanto os testículos deles.
Atividade: Após ler o texto acima, Faça um comentário crítico sobre a crônica “Por um mundo no qual mulheres não se escolham”.
5 a 10 minhas;
Não esqueça que é necessário desenvolver seus argumentos.
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
ENTAO NAO TENHO NADA A CRITICAR SOBRE O TEXTO ELE SO FRALA A VERDADE ALEM DE QUE NO MUNDO INTEIRO MULHERES SAO ABUSADAS POR MACHOS ESCROTOS
salada322:
ESSA COROA N APARECEU ATÉ AGR
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