por quem era representado o clero
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O termo "clero" é utilizado para se referir ao conjunto de homens que foram treinados pela Igreja Católica para servir como eclesiásticos. O clero é dividido em dois grupos: o de tipo regular, formado por membros recolhidos de uma ordem religiosa, e o de tipo secular, formado por membros que vivem junto à população leiga. O grupo como um todo é representado até hoje principalmente por monges, padres, bispos, arcebispos, cardeais e o papa.
Mesmo que a instituição afirme que se originou na ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, historicamente a fé cristã seria perseguida pelo Império Romano por vários séculos, o que a impediria de se consolidar como entidade religiosa mesmo que se espalhasse rapidamente por todas as classes sociais romanas. Apenas no século IV, quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo, foi que os fiéis tiveram permissão oficial para praticar sua religião e exercer sua fé.
Neste contexto, deu-se paulatinamente a organização e consolidação da estrutura interna da Igreja Católica. Quando o Império Romano do Ocidente caiu em 476, o poder político do papado já era considerável, assim como a importância social do clero; durante a Idade Média, sua expressão na sociedade apenas se ampliaria, até o ponto que praticamente toda a vida civil europeia era marcada e regulada pelas atividades religiosas.
Entre a população comum, eram os clérigos da Igreja quem mais representavam a segurança e estabilidade, tanto religiosa quanto política – uma vez que eram as cerimônias de sagração e coroação que determinavam a legitimidade de determinado monarca em tempos incertos. Também por este motivo eram úteis para a nobreza alianças com o clero. Além disso, a Igreja também fornecia justificativas religiosas para o combate contra infiéis nas chamadas Guerras Santas, o que ia de encontro às necessidades econômicas dos nobres. Assim, é fácil compreender como estes dois grupos frequentemente se apoiavam.
No início da Idade Moderna, já havia se tornado evidente que existiam várias fissuras religiosas na instituição, o que acabaria por motivar a Reforma Protestante no século XVI. O clero, principalmente, era acusado de ser despreparado, negligente e promíscuo, e o papado em si era tido como corrupto. Nestas circunstâncias, ocorreria a Reforma Católica, que procurava recuperar a credibilidade do clero ao moralizá-lo. Entre outras medidas idealizadas para recuperar os fiéis, seria determinado que agora todos os padres obrigatoriamente frequentariam seminários.
Mesmo com as novas medidas, a fortificação do novo regime político chamado absolutismo possibilitaria vantagens para os clérigos, principalmente para o alto clero. Fortemente alinhado com a nobreza, de onde vinham majoritariamente seus membros, o clero seria uma das forças políticas que possibilitaria a manutenção da sociedade extremamente desigual do Antigo Regime francês. Na sequência da queda da Bastilha e do início da Revolução Francesa em 1789, uma das primeiras medidas da Assembleia Nacional foi exatamente o fim dos antigos benefícios feudais das camadas dominantes e a secularização dos bens da Igreja, que só retornaria a ter algum tipo de relação com o Estado francês – mesmo que conflituosa – após a ascensão de Napoleão Bonaparte ao Consulado em 1799. De qualquer forma, os eventos ocorridos durante a Revolução acabariam por ditar o início da derrocada do poder político da Igreja. Hoje, a influência do clero reduziu-se bastante, estando em grande parte circunscrita a assuntos relacionados com a religião cristã.