Por que temos mais mulheres do que homens a partir dos 80 anos?
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1. Genética
Uma das principais hipóteses para essa diferença é a questão genética.
"Os embriões masculinos morrem em um ritmo maior que os embriões femininos", explica o professor David Gems, do University College London.
Isso é resultado do papel que desempenham os cromossomos que determinam o sexo. As mulheres têm cromossomos XX e os homens têm cromossomos XY.
Os cromossomos X contêm muitos genes que ajudam a prolongar a vida.
"Se você tem um defeito genético no cromossomo X e é uma mulher, tem uma 'cópia de segurança'. Mas se é um homem, não tem essa cópia", explica o geneticista David Gems ao programa Crowd Science, da BBC.
"Os bebês do sexo masculino têm entre 20% e 30% mais probabilidade de morrer na última etapa da gravidez. Também têm 14% mais chances de nascer prematuramente. Eles tendem a ser maiores e sofrem um maior risco de lesões durante o parto", explica Lorna Harries, professora da Universidade Exeter, no Reino Unido.
Um exemplo de como os cromossomos X afetam outras espécies: ao contrário dos humanos, as aves machos têm duas cópias do cromossomo X e costumam viver mais do que as fêmeas.
2. Hormônios
Durante a adolescência, as crianças passam pela puberdade (o amadurecimento sexual) por causa das mudanças na produção de hormônios.
O estrogênio, o hormônio sexual feminino, atua como "antioxidante" no corpo, impedindo o envelhecimento das células.
Em experimentos com animais, as fêmeas que têm falta de estrogênio tendem a não viver tanto quanto as que mantêm os níveis de hormônio sexual feminino.
O estrogênio também facilita a eliminação do colesterol ruim, e portanto pode oferecer certa proteção contra doenças do coração.
Nos homens, é maior a produção de testosterona, que faz com que o corpo seja maior - e é responsável por características como a voz mais grave e o corpo mais peludo.
A taxa de mortalidade dos homens aumenta muito nos últimos anos da adolescência, quando se elevam seus níveis de testosterona.
Há alguns anos, o cientista coreano Han-Nam Park analisou os registros da Corte Imperial da Dinastia Chosun, do século 19.
Ele comparou a média de vida de 81 eunucos (castrados antes da puberdade) com a dos outros homens da corte. Sua análise revelou que os eunucos viveram cerca de 70 anos, enquanto a média entre os outros homens da corte era de 50 anos. Três eunucos chegaram a viver até os 100 anos.
Ainda que nem todos os estudos com outros tipos de eunucos tenham mostrado diferenças tão pronunciada, em geral as pessoas (e animais) sem testículos tendem a viver mais.
Segundo alguns especialistas, isso pode ser resultado do estímulo do hormônio para comportamentos mais arriscados e violentos. Mas, quando se fala de seres humanos, também há um fator cultural e comportamental envolvido.
3. Ocupação e comportamento
O incentivo cultural para que homens se comportem de maneira mais violenta e arriscada do que as mulheres também tem um peso na expectativa de vida menor, segundo os especialistas.
Outros fatores culturais influenciam: as mulheres entre 16 e 60 anos vão ao médico mais frequentemente do que os homens da mesma idade em diversos países.
Além disso, conjunturas regionais afetam muito esses índices.
Em lugares com conflitos armados, a esperança de vida masculina diminui em alta velocidade.
E em regiões onde a atenção médica é inadequada, muitas mulheres morrem durante o parto.
Fatores como fumar, beber e se alimentar incorretamente também explicam a diferença em alguns países.
Na Rússia, por exemplo, os homem têm expectativa de vida 13 anos menor do que as mulheres por causa do alto consumo de álcool entre a população masculina do país.