Geografia, perguntado por vieiragomesannapaula, 9 meses atrás

por que será que a energia éolica vem crescendo motivando ainda mais no período de pandemia?​

Soluções para a tarefa

Respondido por nazaresanttana
0

Resposta:

A pesquisadora Fátima Góes estudou os impactos da instalação de dez parques eólicos no Nordeste, para além da produção de energia. “A geração de empregos é um dos mais propagados. Mas, em geral, eles deixam a desejar”, pondera.

“A construção de um parque eólico, que dura até 18 meses, demanda entre 400 e 2 mil pessoas trabalhando. Porém, depois que entra em operação, o complexo que eu vi com mais gente tinha 50 pessoas”, relata a doutoranda em Engenharia Industrial pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Góes diz que os moradores da região onde os parques se instalam acabam ocupando postos de trabalho de baixa remuneração. Por outro lado, ela ressalta um aumento das receitas municipais e, principalmente, estaduais.

:: Em Pernambuco, reajuste da tarifa de energia é prorrogado para julho ::

Outros benefícios são resultado de contrapartidas impostas pelo órgão ambiental estadual, como programas de educação ambiental e projetos em escolas da região. A especialista afirma que estudos de viabilidade e audiências públicas podem ajudar a identificar e minimizar impactos, mas aponta certos limites à participação popular nesses espaços.

“Muitas vezes, as audiências são feitas ‘por fazer’, ‘para inglês ver’. A voz das pessoas, das comunidades, nem sempre é considerada”, lamenta.

Impactos

“Quando a gente fala em energia ‘limpa’, pode haver um equívoco na abstração do conceito”, analisa Renato de Brito Sanchez, mestre em Engenharia Mecânica, professor e diretor geral do grupo Engerisa. Ele ressalta que nenhuma energia é 100% limpa, sustentável ou eficiente.

“A produção de energia eólica gera uma vibração e um deslocamento de massa de ar, por exemplo, que impacta na migração de pássaros, na vegetação, e provoca erosão”, explica.

“Esses efeitos podem ser mitigados por meio de estudos de viabilidade, que garantam a utilização da melhor condição geográfica, permitindo impactar menos no meio ambiente e aproveitar o máximo da energia eólica”, completa Sanchez.

:: Central do Brasil: movimentos populares estreiam programa no Brasil de Fato e TVT ::

Um impacto comum da instalação de parques eólicos é a morte de aves e morcegos, que se chocam contra as pás das hélices. Algumas dessas espécies são essenciais para o controle de pragas agrícolas.

Fátima Góes cita outros três efeitos negativos da instalação de parques eólicos. Primeiro, o ruído dos aerogeradores, que pode ser mitigado caso se mantenha uma distância segura para os locais de moradia.

Impactos na paisagem também são uma reclamação frequente – em especial, quando o parque é instalado no litoral e em regiões turísticas, como o Delta do Parnaíba ou os Lençóis Maranhenses. O terceiro impacto está relacionado ao acesso à terra.

:: Bem Viver traz balanço da covid - 19 em parceria com a Rede de Médicos Populares ::

“O parque promove a regularização das terras, porque não se pode arrendar se não estiver tudo direitinho”, lembra. “Porém, uma vez que o parque chega e coloca uma cerca, pessoas que viviam do extrativismo e antes entravam para coletar frutas, por exemplo, perdem esse acesso. No litoral, há casos de pescadores que já não podem ir ao mar pelo caminho que iam antes”.

“Grandes empreendimentos trazem benefícios razoáveis em um nível regional, mas quem fica com a externalidade negativa são os vizinhos imediatos”, resume Góes.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) denuncia há quase cinco décadas os impactos das usinas hidrelétricas no país, mas não vê o setor eólico como uma alternativa viável.

“Os parques eólicos atingem áreas protegidas, onde vivem comunidades tradicionais, pescadores, quilombolas, e isso viola o direito de ir e vir, impacta na cultura e ameaça a vida constantemente”, afirma José Josivaldo Alves de Oliveira, membro da coordenação nacional do MAB no Ceará.

“O impacto ambiental da eólica pode ser menor [que o das hidrelétricas], mas ela não ameaça o controle de grandes grupos privados sobre a geração, a transmissão e a distribuição da energia no Brasil”.

“A energia no Brasil está subordinada ao interesse de grandes multinacionais, por isso o país tem uma das contas de luz mais caras do mundo”, completa Oliveira. “Na sociedade capitalista, independentemente da fonte de geração, qualquer setor estará orientado pela lógica do lucro. E isso também vale para a eólica”.

Na visão do MAB, o valor pago aos proprietários das terras por aerogerador é uma “mixaria” diante do lucro das multinacionais e apenas mascara o impacto sobre as comunidades.

“Por isso, não consideramos que o futuro do Brasil será produzir energia eólica ou solar. O problema não é de matriz, nem de tecnologia, mas de uma política energética que não considera os interesses do povo”.


vieiragomesannapaula: OBRIGADAAAAAA
nazaresanttana: dnd só estou aqui para ajudar :3
Perguntas interessantes