Por que os praticantes de candomblé foram perseguidos no Brasil?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Explicação:
Os tambores ouvem-se à medida que a poesia "Vozes D'África" do poeta negro brasileiro Castro Alves ecoa o grito de socorro dos povos africanos pelo fim da escravidão. "Deus! ó Deus! Onde estás que não respondes? Em que mundo, em que estrela tu te escondes? Embuçado nos céus?".
A escravidão durou 350 anos. Quatro milhões de homens e mulheres foram levados da África para serem escravizados no Brasil. Ao chegarem, além da língua, cultura e força de trabalho, estes povos levaram consigo também a fé. As crenças e rituais africanos originaram religiões como o Candomblé e a Umbanda, atualmente praticadas em todo país.
O burburinho das conversas ouve-se na Avenida Vasco da Gama, uma zona movimentada da cidade de Salvador. No vale e também subindo as vielas, incrustados nos morros, estão alguns dos terreiros mais antigos da cidade. É aqui que os praticantes da religião realizam os rituais e celebrações litúrgicas.
Glaube an Yamanja Göttin des Meeres in Rio de Janeiro ARCHIV 2008
Estima-se que o Candomblé tenha mais de 3 milhões de seguidores em todo o mundo, principalmente no Brasil.
Como é celebrada a liturgia do Candomblé?
A DW África esteve numa liturgia, no terreiro "Casa Branca", o mais antigo de Salvador e possivelmente também do país, que foi fundado por três princesas africanas: Iyá Detá, Iyá Kaláe e Iya Nassô, levadas como escravas para o Brasil. Foi em 1823 que tudo começou.
Quem nos recebe é Pai Léo, um ogan da casa que realiza diversas funções no terreiro, como tocar os tambores e receber visitas.
Pai Léo diz que o seu Candomblé inicialmente se localizava no centro da cidade. "Devido à especulação, ao progresso, à inquisição, à perseguição já dos jesuítas e dos católicos, fomos obrigados a mudar-nos para aqui", explica. "Aqui, nós cultuamos vários orixás, 16 orixás", informa o ogan.
As divindades no Candomblé de tradição Ketu são chamadas de orixás. No terreiro, quem guia espiritualmente a casa é o "pai" ou "mãe" de santo.
Na sala grande, o teto é decorado com bandeirolas. Uma grande coroa, representando Xangô, o orixá da Justiça, repousa sobre o altar ao centro.
Os visitantes acomodam-se em bancos ao redor da sala. Todos estão atentos ao começo do ritual. Os filhos e filhas da casa, como são chamados aqueles que foram iniciados no terreiro, também estão presentes.
Tambores com cantos fazem anunciar o Xirê, o primeiro momento do ritual, quando os orixás são saudados. Depois a música torna-se mais intensa, para chamar as divindades. Não é permitido gravar a partir daqui...
A liturgia dura até a meia-noite, com cantos, tambores e dança. É também servido um caruru, comida feita com quiabo, camarão e óleo de dendê, conhecida na Bahia como "comida de terreiro" por ser muito comum nestes rituais.
Bildergalerie Candomblé
Seguidoras no Terreiro de Gantois, Salvador. O nome vem da família belga Gantois que atuou neste terreno com os escravos.
No terreiro de Mãe Conceição
Na periferia de Salvador, no bairro São Gonçalo de Cabula, no meio de casas residenciais e algumas igrejas, está o terreiro de Mãe Conceição.
As crianças brincam e tocam música de Candomblé. Desce-se uma escada. Encontramo-nos com a Mãe Conceição e ouvimo-la cantar.
A música é uma saudação à entidade "Sultão das Matas". Conceição é uma das conhecidas "mães de casa de caboclo" de Salvador.
Ao contrário dos orixás, que possuem ancestralidade africana, os caboclos são originários do Brasil - os primeiros africanos que aqui chegaram incorporaram aos seus rituais práticas de origem indígena, como forma de saudar os povos que viviam nestas terras.
“Nestes 25 anos que eu tenho aqui, sempre tenho alguma coisa para fazer pela comunidade", garante a Mãe Conceição. A maioria trata-a por "avó Conceição" ou "vó Conceição". "A minha nação de caboclo, meus guias, pedem que eu busque as pessoas que necessitam e mandam-me fazer as coisas. Eu faço munguzá aqui na porta, eu faço sopa para dar ao pessoal", explica.
A cadeira do Terreiro Mokambo
Anselmo Santos é o "pai de santo" no terreiro Mokambo, que está também localizado numa zona periférica da cidade de Salvador. Santos explica que "os terreiros de Candomblé foram instalados nos bolsões de pobreza".
Quando começou, o terreiro Mokambo foi instalado nas periferias por conta da necessidade de ter um meio ambiente mais puro, folhas e águas e é por isso que hoje, os terreiros estão sitiados. "A cidade foi crescendo no entorno. E aí você briga pela qualidade de vida das pessoas, você luta pela fauna, pela flora. Nós temos trabalhado nesse sentido de trazer para as pessoas da comunidade uma melhor qualidade de vida", revela o "pai de santo".