Geografia, perguntado por cibelenowunited, 6 meses atrás

por que o crescimento a China incomoda os Estados Unidos ​

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Respondido por RonaldoSillvaBRITO
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Resposta: Por que a China incomoda tanto os EUA?

Embora o discurso norte-americano tenha como base o mote da espionagem, outros aspectos permeiam esse embate com a China. O Vale do Silício, na Califórnia (EUA), pode ser superado pelos chineses em breve. A região, que hoje concentra empresas de tecnologia, foi pioneira na produção de circuitos integrados, os populares chips (que são feitos de silício).

Desde 2014, a China financia a pesquisa e o desenvolvimento da indústria de chips. A ideia é ir dos US$ 30 bilhões (2016) aos US$ 305 bilhões em receita (2030). O país quer que a maioria dos chips usados localmente sejam feitos por lá mesmo — essa produção atualmente está concentrada na Coreia do Sul e em Taiwan. Já se falou até em levá-la para os EUA, mas a expertise dos países asiáticos ainda é superior.

Para atrapalhar os planos chineses, os EUA atuaram para impedir que a Qualcomm fosse vendida para a Broadcom. Depois, vieram as proibições de comercialização de produtos da ZTE e da Huawei. A China, então, complicou a operação da Qualcomm — que é, hoje, uma das maiores fabricantes de chips do mundo. Ou seja, esses relacionamentos são complexos demais e o desequilíbrio pode trazer consequências.

Paralelamente, grandes empresas chinesas, como Alibaba, Baidu e a própria Huawei, investem em chips e inteligência artificial. A Huawei, por exemplo, é dona da HiSilicon, que faz os processadores Kirin para equipar seus smartphones. A rivalidade entre os países, então, deve seguir firme, já que os dois lados tentam se estabelecer como líderes mundiais em tecnologia.

O que deve acontecer a partir de agora?

Além das medidas tarifárias, as não-tarifárias devem ser usadas com cada vez mais frequência pelos EUA. Assim, são esperadas restrições ao investimento chinês no país, limites para que empresas norte-americanas exportem tecnologia para a China e ainda mais pressão sobre as companhias chinesas, entre outras.

Apesar de seu impacto ser mais difícil de quantificar, o efeito das medidas não-tarifárias tende a ser de longo alcance. Uma lei recente expandiu o poder do Comitê de Investimentos Estrangeiros nos EUA (CFIUS) — esse órgão examina investimentos estrangeiros e verifica se eles representam risco à segurança nacional e já barrou, por exemplo, a venda da MoneyGram para o Ant Financial, a empresa de pagamentos digitais da Alibaba.

Toda essa movimentação em torno da Huawei aconteceu antes, embora em escala menor, com a ZTE. A Huawei se preparou e acumulou um estoque de insumos equivalente a pelo menos três meses de suas necessidades. Mesmo que as sanções sejam revistas — até porque há empresas norte-americanas que têm negócios em andamento com a Huawei — a China já sabe que precisa se tornar independente, já que não pode confiar inteiramente nos fornecedores estrangeiros. O país asiático anunciou até a criação de uma lista de empresas estrangeiras “pouco confiáveis”, mas ainda não a publicou.

Então, além dos planos de produzir chips localmente, agora devem haver esforços redobrados no desenvolvimento de outros elementos (como o sistema operacional que a Huawei já prepara) e até de padrões tecnológicos — dinheiro não será um problema para essa tarefa. Um bom exemplo é a própria tecnologia 5G, em que a Huawei tem uma vantagem incontestável.

Como pesquisa e desenvolvimento é uma atividade que inclui muita tentativa e erro, é difícil prever quem vai sair vencedor — se é que haverá um — nessa batalha. O que já se sabe é que vai ser preciso resistir muito, especialmente a perdas prolongadas.

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