Por que, mesmo antes da pandemia, a situação das mulheres no mercado de trabalho já era ruim?
Soluções para a tarefa
Resposta:
A desigualdade de gênero precede a pandemia de Covid-19. Os especialistas ouvidos pelo InfoMoney explicam que a chegada da pandemia apenas aprofundou um problema social já existente.
“O problema da desigualdade de gênero é estrutural. Temos toda uma construção histórica e social que permitiu e reforçou uma desigualdade no tratamento entre homens e mulheres. No Brasil, por exemplo, as mulheres passaram a votar somente em 1932. Até meados dá década de 60, as mulheres casadas precisavam da autorização legal do marido para participar do mercado de trabalho. Só em 1988, a Constituição mudou a lei e consagrou a igualdade entre homens e mulheres. Ainda assim, a desigualdade segue presente”, pontua Regina Madalozzo, professora do Insper e pesquisadora na área de economia do trabalho com foco no mercado de trabalho para as mulheres.
.
Temos uma construção social de que o homem é responsável pelo provento e a mulher pelo cuidado. Existe a ideia de que mulheres não vão conseguir focar no trabalho corporativo, porque não podem ser, ao mesmo tempo, boas executivas e boas mães. O que não é verdade, se a gente viver em uma sociedade com equilíbrio de gênero em oportunidades empresariais e em cuidados com a casa, os filhos e pais idosos”, acrescenta Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora.
Mesmo sendo um problema histórico, a situação das mulheres no mercado de trabalho piorou especialmente ao longo de 2020.
Ao comparar o terceiro trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019, a queda na parcela de mulheres que estavam no mercado de trabalho foi de 7,5 pontos percentuais (de 53,3% para 45,8%). O retrocesso foi menor entre os homens, de 6,1 pontos percentuais (de 71,8% para 65,7%).