Por que da palavra auto nas obras de Gil Vicente?
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Originalmente, os Autos eram obras dramáticas feitas para a encenação, comumente encenadas em frente à igrejas. Com o passar do tempo e o advento do Barroco, o termo passou a abranger também peças voltadas à relação profana-divina, voltadas à temas religiosos, espirituais-materialistas e reflexivos.
O Auto da Barca do Inferno demonstra claramente isso, um estilo rebuscado e eloquente, baseado nas relações humanas consideradas corretas e erradas, e na relação de ir pro céu (Divino) e Inferno (profano).
Resposta:
Explicação:
Pode-se dizer que, em boa parte, o teatrólogo e ator português Gil Vicente é fruto de uma época. Criou o que se convencionou chamar de teatro vicentino, caracterizado pelo poder da sátira. Sua biografia repleta de incertezas se dá aproximadamente entre 1465 e 1536, no contexto do que se convencionou chamar de Humanismo português.
Gil Vicente cresce nesse universo. Escreveu autos, comédias e farsas, em castelhano e em português. São conhecidas 44 peças, 17 em português, 11 em castelhano e 16 bilíngues. Destacam-se dois gêneros:
a) os autos, com a finalidade de divertir, de moralizar ou de difundir a fé cristã; E
b ) as farsas, peças cômicas de um só ato, com enredo curto e poucas personagens, extraídas do cotidiano.
Entre os autos, a Trilogia das Barcas ("Barca do Inferno", 1517; "Barca do Purgatório", 1518; e "Barca da Glória", 1519) reúne peças de moralidade, que constituem uma alegoria dos vícios humanos; e o "Auto da Alma", de 1518, encena a transitoriedade do homem na vida terrena e os seus conflitos entre o bem e o mal. As farsas, como "Quem Tem Farelos?", 1515; "Mofina Mendes", 1515, e "A Farsa de Inês Pereira", 1523, realizam quadros populares de força moral e simbólica, num tom cômico mais contundente.