História, perguntado por joselincoromotoherna, 4 meses atrás

Por que as elites se aproximam de Dom pedro

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Respondido por Usuário anônimo
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Dia do Fico, 200 anos: a união da elite e dom Pedro 1º pela autonomia do Brasil

Decisão do então príncipe-regente foi passo decisivo para colocar o país no rumo da Independência; confira o que dizem historiadores sobre o episódio

A frase dita em 9 de janeiro de 1822, no Paço Real – rebatizado de Paço Imperial após a Independência –, no Rio de Janeiro, sacramentou um momento importante da história brasileira.

Por que dom Pedro 1º, o príncipe-regente, precisou dizer que ficaria no Brasil, ainda colônia?

Para especialistas ouvidos pela CNN, o bicentenário do Dia do Fico traz exemplos de comportamentos das elites brasileiras que jogam luz sobre o desenvolvimento do país.

Havia um temor de que Portugal retirasse do Brasil os direitos adquiridos anos antes com a elevação do país ao status de Reino Unido.

Em dezembro de 1821, dom Pedro recebeu ordens de voltar a Portugal a fim de terminar sua preparação acadêmica. A notícia estremeceu a elite agrária brasileira.

Isso porque havia o interesse de conservar as liberdades comerciais de que o Brasil desfrutava após a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808.

As cortes de Portugal, reunidas na cidade do Porto, não esperaram os deputados brasileiros chegarem a Lisboa para definir suas determinações. Em outubro de 1821, as decisões das cortes acabam com a estrutura que dom João 6º deu ao Brasil como parte do Reino Unido”, analisa Paulo Rezzutti, historiador, considerado o maior biógrafo de dom Pedro 1º e autor de obras importantes sobre outros personagens da Família Real Brasileira, como a Imperatriz Leopoldina e dom Pedro 2º.

“Os decretos remodelam o Brasil em 1821. Cada província reportaria a Lisboa, não mais ao príncipe-regente”, comenta Rezzutti.

“Como negociar com uma assembleia portuguesa nesses termos, sem diálogo? [José] Bonifácio e outros sentem que é uma tentativa de recolonizar o Brasil. Todo o liberalismo pregado pela Revolução Liberal do Porto era só para os portugueses”, diz Rezzutti.

As elites brasileiras à época não eram tão organizadas, tinham muitas pautas diferentes e interesses conflitantes. Mas o fato de Portugal mostrar a intenção de levar o Brasil de volta à condição de colônia, reforçando o pacto anterior à chegada de dom João 6º ao Rio, em 1808, serviu de combustível para um movimento organizado.

As elites de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais se mobilizaram para colher assinaturas da população. E conseguiram. Mais de 8 mil pessoas assinaram a favor da permanência do príncipe-regente no Brasil, contrariando a decisão das cortes portuguesas.

O respaldo político de dom Pedro

Para o historiador Philippe Arthur dos Reis, doutorando na Unicamp, pesquisador vinculado à Universidade de Estrasburgo (França) e especialista em História do Brasil e da Primeira República, a figura de dom Pedro 1º representava um respaldo político para as elites agrárias do país à época.

“Ele era um investidor. Tinha terras, era muito ligado à família dos Andradas. Para ele, era interessante ficar por aqui”, afirma.

Rezzutti reforça essa condição do príncipe-regente, fundamental para as elites nacionais.

“A figura do príncipe era como a de um ‘influencer’ hoje em dia. Ter essa pessoa do lado dos brasileiros era muito importante”, observa.

Independência era um dos caminhos da encruzilhada

Na avaliação de Reis, o simbolismo do Dia do Fico como peça-chave da história da Independência é resultado de um processo de construção memorial da história do país feita desde o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o IHGB, fundado em 1838, ainda no período regencial.

O IHGB, aponta o pesquisador, definiu uma trajetória linear, de progresso, uma construção de narrativas memoriais.

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