História, perguntado por lucianaferreirp6pyzh, 1 ano atrás

por que as doenças se tornaram comuns nos bairros operários

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Respondido por maritelescunha
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As cidades mais antigas que não sofreram alterações com a industrialização são chamadas de pré-industriais e as que foram alteradas em sua lógica são chamadas de cidades industriais (aquelas surgidas ou que se transformaram a partir do final do século XVIII e início do século XIX).

No início, as cidades industriais eram extremamente desorganizadas (isto na Europa Ocidental, na passagem do século XVIII para o século XIX), não havia lugar para todo mundo, as ruas eram estreitas e sujas. Ainda havia uma mistura de bairros habitacionais com indústrias em meio a obras de ferrovias que iam sendo construídas. Os centros dessas cidades com seus prédios antigos, monumentos, residências ricas com jardins e pátios anexos aos poucos foram dando lugar às novas construções, barracões industriais, oficinas e a densidade populacional por metro quadrado tornou-se enorme.

Ao redor do centro formava-se uma nova área, considerada periferia ou subúrbios. Neste local, surgiam bairros luxuosos para abrigar a burguesia, que fugia do ar poluído, da sujeira, do mau cheiro e da multidão que vivia no centro, estes procuravam lugares mais abertos, com áreas verdes, ruas arborizadas. Surgiam bairros habitacionais para os operários recém-emigrados do campo e, também, eram construídas áreas industriais maiores. 

Durante a primeira metade do século XIX, todas essas áreas se fundiam num tecido urbano mais compacto. Mas, essa fase foi um período provisório, cuja política pública absorveu o pensamento dos banqueiros, industriais, homens de ações e contadores. Sua base ideológica era de garantir a liberdade de empreendimento e suas propriedades, queriam o lucro sem se preocupar com as conseqüências, com isso pensavam as cidades sem intervenção do governo (em suma uma administração liberal da cidade).

A precariedade das cidades europeias era mais sentida pela população pobre. Suas casas eram pequenas, não pegavam sol, não tinham ventilação e iluminação, nem uma forma adequada de eliminar o lixo domiciliar que era jogado nas ruas que, também, servia para criar porcos. As casas se localizavam nas proximidades das indústrias, estradas de ferro e rios, fontes de fumaça, barulho e poluição.

Nas cidades industriais surgidas a partir de cidades antigas, os trabalhadores passavam a habitar casas de famílias antigas transformadas em cortiços. Cada quarto passou a abrigar uma família toda (prática realizada em Glasgow, na Escócia e Dublin, na Irlanda, até o início do século XX). Era comum, também, o congestionamento de camas onde dormiam de três a oito pessoas de idades diferentes. Pobres e privados de seus antigos referenciais culturais, os trabalhadores urbanos tendiam a formar uniões instáveis que acabaram por alterar a sociabilidade vigente, transformando a população dos cortiços em pessoas com padrões éticos diferentes dos de suas aldeias rurais de origem.

A sujeira era enorme tanto nos novos como nos velhos bairros operários. As novas casas eram construídas com materiais baratos sem alicerces. Na Inglaterra, em cidades como Birmingham e Bradford, as casas foram construídas de parede-meia, dois em cada quatro quartos não recebiam luz nem ventilação. Em cidades marítimas, de grande importância econômica por causa dos portos, os porões subterrâneos eram utilizados como moradias. O Relatório sobre o Estado das grandes Cidades e dos Distritos Populosos de 1845 informava que em Manchester (Inglaterra) cerca de 7000 pessoas utilizavam apenas 33 privadas.

Essa condição trazia doenças, epidemias e gerou revolta da classe trabalhadora e das pessoas consideradas pelas elites como desclassificadas (mendigos, escroques, vagabundos e multidões famintas). O início da segunda metade do século XIX é marcado por “jornadas revolucionárias” principalmente em Londres e Paris.

Como resultado disto, a partir de 1850, muitas cidades passaram a ser administradas por pessoas com outra visão de gestão pública, como: Camillo Benso, o Conde de Cavour (1810-1861), na Itália; Benjamin Disraeli (1804-1881), na Inglaterra; e Otto von Bismarck (1815-1898), na Alemanha. Nesta nova orientação, o poder público passou a realizar reformas em estradas, praças, ferrovias (rede de percursos), aquedutos, esgotos, gás, eletricidade (rede de instalações).

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