Por que a revolução francesa era contra a igreja ?
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Resposta:
firmar que a Revolução Francesa perseguiu a religião não é de todo correto. Muitos que fazem essa afirmação supõem ou tentam fazer pensar que os revolucionários tinham os nobres planos de construir uma sociedade laica na qual os segmentos religiosos não tivessem privilégios nem fossem relevantes na vida pública. Não é esta a verdade objetiva.
O que os revolucionários realmente tentaram foi substituir as religiões históricas por uma “religião de Estado”, com suas próprias pretensões teológicas, funcionários, elites e privilégios, visando assegurar que os cidadãos se submetessem à lei não apenas no comportamento externo, mas inclusive na consciência e no coração. A lei é que seria “deus”.
Os Estados Gerais convocados por Luís XVI em 1789 se dividiam em três ordens: o clero, a nobreza e o “terceiro estado”. Os dois primeiros tinham 561 representantes em total (291 e 270, respectivamente), enquanto o terceiro estado, cujos representantes eram eleitos pelos franceses do sexo masculino, maiores de 25 anos e que pagassem impostos, contava com 578. O número não era tão importante, em tese, porque o rei desejava manter o voto por segmento e não por indivíduo. O objetivo da convocação era ajudar a monarquia a realizar reformas que melhorassem a situação geral do país, afundado na pobreza.
O clero não era um obstáculo para a política inicial de reformas. Os padres apoiavam as medidas propostas pelo terceiro estado para implantar a separação de poderes, a reunião frequente dos Estados Gerais, a sua supremacia na determinação dos impostos, o reconhecimento das liberdades individuais etc. Mas esse apoio às reformas não era mediante ações radicais: só um quarto dos membros do clero queria a ruptura da ordem vigente e a revolução democrática, enquanto a maioria dos padres defendia uma reforma paulatina e sem ruptura traumática. Apesar dessa atitude de moderação, a tomada da Bastilha em 14 de julho em 1789 e a posterior abolição dos privilégios feudais não foram fatos particularmente alarmantes para os bispos e sacerdotes, que estavam mais preocupados com os resultados da reforma constitucional iniciada por uma nova assembleia. A “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” promulgou a liberdade religiosa, reservando ao Estado o poder de determinar quando as opiniões em matéria de credo eram incompatíveis com a lei.
Esta liberdade teórica, no entanto, teve escassa duração real. Em 12 de julho de 1790, estabeleceu-se a chamada “Igreja constitucional”, que, na prática, imposta por um rápido processo de fundamentalismo estatista, se tornou o único “credo” aceito pelas autoridades. Essa “igreja” tinha organização e funcionamento próprio, decidido pelo Estado. Os sacerdotes católicos foram pressionados a jurar fidelidade às novas normas estatais em matéria de religião e a se desligarem da obediência ao seu bispo e a Roma. Apesar da determinação do Papa Pio VI e da rebelião dos bispos perante a pressão estatal (só quatro cederam à nova ordem), muitos presbíteros, em especial no centro do país, se uniram à “igreja laica” e viraram comissários políticos do Estado em matéria religiosa. A criação desta “igreja” foi celebrada no Campo de Marte, com os oficiantes ataviados em vestes tricolores francesas.
A perseguição contra os católicos que não aceitaram esta situação foi brutal. Os sacerdotes que se mantiveram católicos foram perseguidos, impedidos de celebrar sacramentos e de pregar e, a partir de 18 de março de 1793, se fossem presos em solo francês, deviam ser executados em menos de 24 horas. Muitos tiveram a pena de morte comutada por um destino tão pavoroso quanto, nas infectas e tristemente célebres prisões da Guiana Francesa.
Ao mesmo tempo, foi cortada a comunicação entre os católicos franceses e o Papa, cujas cartas e documentos não podiam ser divulgados no país sem a aprovação prévia dos órgãos legislativos. A Igreja católica sofreu uma das piores perseguições da história. As crianças não podiam receber o batismo, nem a comunidade podia celebrar a Eucaristia. Só se conseguia oficiar algum sacramento na clandestinidade. Na Bretanha, região que registrou o maior número de sacerdotes contrários à nova “igreja” cismática, os fiéis se reuniam em barcas, longe da costa, ou no interior dos bosques. Aqueles que participavam dessas “reuniões ilegais” corriam o risco ser condenados à morte como inimigos do Estado. Na região bretã foram assassinados cerca de 120.000 católicos por motivos estritamente religiosos: tratava-se de mais de 15% da população.
Explicação:
Na verdade, a Revolução Francesa não era contra a Igreja. Os revolucionários defendiam a separação entre Igreja e Estado (defendiam o Estado Laico), o fim dos privilégios do clero e a distribuição das terras do clero.
Revolução Francesa e Igreja
A revolução causou a queda do absolutismo, o enfraquecimento da Igreja Católica, fim dos privilégios da aristocracia, marcou a separação entre Igreja e Estado e estatização das propriedades do clero.
A Igreja Católica acabou sendo separada em duas: uma que era ilegal, mas reconhecida pelo Papa e que encorajava a resistência às medidas revolucionárias e uma outra que era oficial, mas que os fiéis acabaram não aderindo tanto.
Os revolucionários também pretendiam criar um novo calendário com base no racionalismo que representasse a visão e os ideais burgueses. O antigo calendário era o gregoriano que tinha como base o cristianismo e referências cristãs de marcação do tempo.
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