Por Cláudio Carneiro, publicado em 14/05/2010.
Dias depois da convocação dos jogadores brasileiros que vão disputar a
Copa do Mundo da África do Sul, o Brasil já respira aquele gás delirante que
contamina todo o país e que nos leva a fazer loucuras como pintar ruas,
calçadas e muros, a cobrar pedágios ilegais em plena rua para comprar uma
singela lata de tinta e a vestirmos aquela combinação de verde e amarelo
que não adotamos em tempo algum. O próximo passo desse devaneio cole-
tivo está nas ruas: avôs, pais, filhos e netos discutem para trocar as figuri-
nhas do álbum da Copa. Sexagenários e teens se misturam nas esquinas epraças, negociam e batem o “bafo” atrás do cromo desejado. Em algumas
empresas, a troca de figurinhas do álbum da italiana Panini – com filiais em
diversos países e faturamento anual de US$ 60 milhões – virou uma febre e
acabou proibida.
Num passe de mágica, quase 193 milhões de brasileiros, segundo dados
do pop clock do IBGE, se transformam em treinadores e escalam suas
melhores seleções – sempre diferentes daquela escolhida pelo treinador
que tem apelido de anão: o Zangado. Com o andar da competição, gritamos
com a TV, ofendemos todas as gerações do Galvão, organizamos chur-
rascos, cervejadas e promovemos encontros de família e de vizinhos que a
rotina – em sua sã consciência – jamais nos permitiria.
É o clima de Copa do Mundo. Pelo menos no Brasil, a vida se concentra em
uma tela do televisor e numa tabela colorida de prognósticos e resultados.
Participar de um bolão de apostas é de lei. A Dilma, o Serra e a Marina
podem esperar. Aliás, ano de Copa não deveria ter eleições. Mas sempre
tem. Uma contamina a outra. Não dá pra deixar os políticos livres, leves
e soltos enquanto assistimos aos jogos. Seria um perigo. Assim como não
é possível concentrar-se em programas e campanhas quando o Kaká dá
aquela arrancada do meio de campo, o Cristiano Ronaldo ginga ou o Messi
parte ensandecido para o ataque.
Fundada em Paris, no dia 21 de maio de 1904, a Fifa – entidade que orga-
niza e regulamenta o futebol mundial – recebe todos os holofotes quando
se aproxima o grande evento em que se transformou a Copa do Mundo.
Desde que o brasileiro João Havelange passou por lá, a dinâmica da velha
federação do “nobre esporte bretão” – “balípodo” para os muito mais
velhos – mudou muito. Durante anos, a Fifa esteve esquecida num andar de
um pequeno prédio em Zurique, na Suíça.
Fifa é maior que a ONU
Hoje, a federação representa 208 países em todo o mundo, com mais
afiliadas do que as Nações Unidas, por exemplo, ou mesmo que o Comitê
Olímpico Internacional. A Fifa aumentou de 16 para 24 – e depois para 32 – o
número de participantes de cada edição de Copa do Mundo e garantiu a reali-
zação de copas em países de pouca tradição como os Estados Unidos, Japão
e Coreia do Sul. Atualmente, a sede da Fifa ocupa uma área de 44 mil m².Em 98, Havelange deixou asfaltado o caminho para a eleição de Joseph
Blatter, que – afirmam os inimigos – recebe US$ 2,4 milhões anuais e
garantiu a própria eternidade no cargo ao prorrogar mandatos e cancelar
eleições. Nos estatutos da entidade estão contidas as leis básicas do
futebol mundial, nas quais são definidas inúmeras regras sobre competi-
ções, transferências, questões de doping e um código de ética.
Constam ali proibições claras a qualquer tipo de preconceito, seja de origem
étnica, de gênero, idioma, política ou religiosa. A FIFA tem a missão de
contribuir na direção da construção de um futuro melhor para o mundo,
utilizando, para tanto, a força e a popularidade do futebol. “É isso que dá
sentido e direção a cada uma das atividades em que a FIFA está envolvida —
o futebol como parte integrante de nossa sociedade” diz o texto de seu site.
A despeito de toda essa “papelada”, o futebol ainda sofre com o precon-
ceito racial – Grafite que o diga – e com a violência no campo, arquiban-
cadas e nas ruas. Além disso, a Fifa se mostra reticente a modernidades
– replays e tira-teimas – que evitariam erros clamorosos de arbitragem
e agressões. Muitos acreditam que a introdução da tecnologia tiraria do
futebol os ingredientes que o fazem mais interessante: a possibilidade do
erro, a contradição e uma certa injustiça que permite – por exemplo – a
“paradinha” na cobrança do pênalti. E o mais importante: aquela deliciosa
gozação no dia seguinte de um grande jogo.
Caro leitor,
A seleção que vai à Copa reúne os melhores jogadores brasileiros?
O ano de Copa combina com eleições?
Fifa de Havelange foi melhor que a de Blatter?
A tecnologia ajudaria ou atrapalharia o futebol?
pergunta:
Esse artigo poderia ser veiculado em outros veículos de
comunicação? Quais?
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
Sorry Boy no sei
emillyttavares:
Sim em. Jornal revista site
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