Português, perguntado por brunotpe, 9 meses atrás

poema narrativo por favor é pra hoje urgente!


brunotpe: rapidoooooo
jojaci1547: "Agora eu quero cantar", de Mario de Andrade

Soluções para a tarefa

Respondido por jojaci1547
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Resposta:

Agora eu quero cantar , de Mario de Andrade

Explicação:

Agora eu quero cantar

Uma história muito triste

Que nunca ninguém cantou,

A triste história de Pedro,

Que acabou qual principiou.

 

Não houve acalanto. Apenas

Um guincho fraco no quarto

Alugado. O pai falou,

Enquanto a mãe se limpava:

– É Pedro. E Pedro ficou.

Ela tinha o que fazer,

Ele inda mais, e outro nome

Ali ninguém procurou,

Não pensaram em Alcebíades,

Floriscópio, Ciro, Adrasto,

Cadê tempo pra inventar!

– É Pedro. E Pedro ficou.

 Pedrinho engatinhou logo

Mas muito tarde falou;

Ninguém falava com ele,

Quando chorava era surra

E aprendeu a emudecer.

Falou tarde, brincou pouco,

Em breve a mãe ajudou.

Nesse trabalho insuspeito

Passou o dia, e nem bem

A noite escura chegou,

Como única resposta

Um sono bruto o prostrou.

 

Por trás do quarto alugado

Tinha uma serra muito alta

Que Pedro nunca notou,

Mas num dia desses, não

Se sabe porque, Pedrinho

Para a serra se voltou:

– Havia de ter, decerto,

Uma vida bem mais linda

Por trás da serra, pensou.

 Sineta que fere ouvido,

Vida nova anunciou;

Que medo ficar sozinho,

Sem pai, mesmo longínquo, sem

Mãe, mesmo ralhando, tanta

Piazada, ele sem ninguém…

 

Pedro foi para um cantinho,

Escondeu o olho e chorou.

Mas depois for divertido,

Aliás prazer misturado,

Feito de comparação.

O menino roupa-nova

Pegava tudo o que a mestra

Dizia, ele não pegou!

Porque!… Mas depois de muito

Custo, a coisa melhorou.

 Ele gostava era da

História Natural, os

Bichos, as plantas, os pássaros,

Tudo entrava fácil na

Cabecinha mal penteada,

Tudo Pedro decorou.

Havia de saber tudo!

Se dedicar! Descobrir!

Mas já estava bem grandinho

E o pai da escola o tirou.

Ah que dia desgraçado!

E quando a noite chegou,

Como única resposta

Um sono bruto o prostrou.

 

Por trás da escola de Pedro

Tinha uma serra bem alta

Que o menino nunca olhou;

Logo no dia seguinte

Quando a oficina parou,

Machucado, sujo, exausto,

Pedrinho a escola rondou.

E eis que de repente, não

Se sabe porque, Pedrinho

Para a serra se voltou:

– Havia de ter por certo

Outra vida bem mais linda

Por trás da serra! Pensou.

   

Vida que foi de trabalho,

Vida que o dia espalhou,

Adeus, bela natureza,

Adeus, bichos, adeus, flores,

Tudo o rapaz, obrigado

Pela oficina, largou.

Perdeu alguns dentes e antes,

Pouco antes de fazer quinze

Anos, na boca da máquina

Um dedo Pedro deixou.

Mas depois de mês e pico

Ao trabalho ele voltou,

E quando em frente da máquina,

Pensam que teve ódio? Não!

Pedro sentiu alegria!

A máquina era ele! A máquina

Era o que a vida lhe dava!

E Pedro tudo perdoou.

 [...]

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