poema de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afi nal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
questoes
1- Nas três primeiras estrofes, o eu-lírico constrói a ideia de que todas as
cartas de amor são ridículas. A partir da quarta estrofe há, ironicamente,
a apresentação de um novo ponto de vista. Explique como esse efeito é
conseguido pelo uso da palavra “ridículas”.
Soluções para a tarefa
quem nunca escreveu carta de amor é ridiculo