Podemos considerar os Ciganos como Estado-nação?
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A história dos ciganos não é tão colorida quanto eles: teve diáspora, perseguição, escravidão e genocídio
Ciganos na antiga Checoslováquia em 1890
Scheufler Collection
Em uma determinada noite do começo dos anos 40, o médico nazista alemão Josef Mengele reuniu 14 pares de gêmeos no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Colocou as crianças sobre sua mesa e as fez dormir. Calmamente, injetou clorofórmio em suas veias. A morte foi instantânea. Mais tarde, as abriu e meticulosamente dissecou seus cadáveres.
As crianças não eram judias. Eram de um outro grupo cuja história também é marcada por diáspora, perseguições, escravidão e genocídio, especialmente na Segunda Guerra. Os ciganos – termo utilizado para designar grupos que se autodenominam rom, calon e sinti, entre outros – podem ser encontrados em várias partes do mundo, divididos em culturas, religiões e línguas diferentes. Alguns têm o dialeto, a profissão ou apenas a opção pela vida itinerante. O que todos os milhões deles espalhados pelos cinco continentes tem em comum é uma longa história pautada pelo preconceito. Que continua ainda hoje.
Família de ciganosWikimedia Commons
Pouco se sabe sobre a origem dos ciganos – que, assim como quase tudo que diz respeito a eles, está marcada por fantasias. Alguns dizem que eles descendem de egípcios do tempo dos faraós. Outros, de uma região conhecida como “Novo Egito”, na Grécia – daí a palavra “cigano”, que vem de “egipciano”. Essa história, contudo, é totalmente descartada por estudiosos do assunto. Para eles, os ciganos teriam vindo do Paquistão e do norte da Índia, nos atuais Rajastão e Punjab.
A maior prova disso vem de estudos linguísticos. O romani, a língua falada por eles, possui grandes semelhanças com o hindi, falado na Índia. A análise biológica corrobora essa tese. Um estudo realizado com integrantes de comunidades ciganas da Europa demonstrou que era possível traçar a origem indiana de boa parte dos ciganos pesquisados.