Pesquise sobre os movimentos anti-vacinas atuais e elabore uma reflexão sobre seus impactos na saúde coletiva.
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Explicação:
Um movimento contagioso
Você consegue imaginar um mundo sem vacinas? Pois essa realidade não é tão antiga assim. Vamos voltar no tempo, lá para o início do século 20. Naquela época, uma em cada cinco crianças morria de alguma doença infecciosa antes de completar 5 anos de idade.
Hoje parece que a gente não faz ideia de quão cruéis eram essas moléstias. E mal podemos imaginar a dor de perder nossos filhos para enfermidades que atualmente são passíveis de prevenção por meio de imunizantes. Quem é que morre de caxumba hoje em dia?
Graças às vacinas, doenças terríveis e altamente contagiosas foram quase erradicadas. Algumas, como a varíola, de fato sumiram do mapa.
Como explicar, então, que existam grupos professando religiosamente um movimento contra a vacinação? Como entender que temos por aí famílias que deliberadamente escolhem NÃO vacinar seus filhos contra males potencialmente letais e capazes de deixar sequelas? Pois é, o movimento antivacina vem crescendo no mundo todo, inclusive no Brasil. Justo em nosso país, que sempre foi exemplo internacional de um modelo de vacinação pública.
Um movimento contagioso
Em 2016, a meta de vacinação contra poliomielite (a paralisia infantil) não foi cumprida por aqui. Imunizamos 86% da população, ante os 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi a pior taxa de vacinação dos últimos 12 anos. A pólio é considerada erradicada do Brasil desde 1990.
O dilema é: será que essa conquista se preservará?
Quando uma parte da população deixa de ser vacinada, criam-se grupos de pessoas suscetíveis, que possibilitam a circulação de agentes infecciosos. Quando eles trafegam e se multiplicam por aí, não afetam apenas aqueles que escolheram deixar de se vacinar, mas também aqueles que não podem ser imunizados, seja porque ainda não têm idade suficiente para entrar no calendário nacional, seja porque sofrem de algum comprometimento imunológico.
Sim, a vacinação dificilmente chega a 100% da população. Mas, quanto maior for o contingente vacinado, maior a proteção conferida inclusive aos não vacinados. Isso é o que chamamos de imunidade de rebanho.
Por essas e outras, a vacinação é algo maior que uma escolha pessoal. Vira assunto de saúde pública. Se você não vacina seu filho de 5 anos, ele pode contrair uma doença e passar para o meu bebê de 6 meses, que ainda não tomou todas as doses necessárias. Assim, a SUA escolha afeta a vida do MEU filho. E esse é um fenômeno que tem acontecido no Brasil.
Não é à toa que casos isolados de poliomielite e coqueluche têm sido reportados. Em 2014, registraram-se dois casos de coqueluche em uma família de classe alta de São Paulo. As vítimas foram crianças não vacinadas por escolha dos pais. Eles temiam que as vacinas causassem autismo ou mesmo tumores (ligação que não tem pé nem cabeça).
A filha mais velha, de 6 anos, contraiu a doença e a transmitiu à sua irmãzinha de 6 meses. A bebê chegou a lutar pela sua vida na UTI enquanto a mãe declarava que a outra filha sofreu semanas com intensa falta de ar.
No Ceará e em Pernambuco, no ano de 2013 houve uma queda na vacinação de sarampo, seguida de um surto que acometeu 1 277 pessoas. O Brasil não tinha um único caso de sarampo autóctone – de origem local – desde 2000. Os poucos episódios eram de pessoas que vinham do exterior.
Em abril de 2017, 200 pessoas ficaram em quarentena em Minesotta, nos Estados Unidos, após 12 casos de sarampo serem notificados em apenas duas semanas, todos em crianças não vacinadas com menos de 6 anos. Enquanto isso, do outro lado do oceano, em Portugal, uma moça de 17 anos morria de sarampo, decorrente de um surto como outros que vêm ocorrendo na Europa.
Mais recentemente, reportagens publicadas no Brasil revelam um preocupante avanço do movimento antivacinação. O mais surpreendente é que famílias que escolhem não vacinar seus filhos reportam abertamente que usam, como fonte de informação, as redes sociais!
Curiosamente, o medo das vacinas espalhado pelas redes começou por causa de um médico que nunca foi partidário da causa antivacina. Ele apenas queria ficar rico vendendo um imunizante contra o sarampo. Para isso, fraudou um trabalho científico a fim de relacionar a vacina tríplice viral MMR, que protege frente a sarampo, rubéola e caxumba, com o autismo.
A história aconteceu em 1998 e o protagonista foi o médico britânico Andrew Wakefield. Seu estudo, embora tenha sido publicado em um periódico respeitado no meio científico, contava com apenas 12 pacientes e não dispunha de fundamento. Forjando uma relação inexistente, Wakefield afirmava categoricamente que a vacina era a causa do autismo de seus pacientes.
Anos depois, descobriu-se não apenas que a pesquisa era uma fraude, com todos os dados e prontuários alterados, como também o estimado doutor havia sido financiado por um advogado que pretendia lucrar milhões processando os fabricantes da vacina. Ele mesmo tinha ambição de patentear uma nova vacina para substituir a MMR