PAUSA - MÁRIO QUINTANA
Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surprendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois - Dom Quixote ou Sancho - vive uma vida mais intensa e portanto mais verdadeira...
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:
"Io sonno un poeta o sonno un imbecile?"
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia...
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar, e não pensar por ele.
E daí?
- Mas o melhor - pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança -, o melhor é repor depressa os óculos no nariz.
A função que predomina na crônica é a função:
A – emotiva
B – poética
C – Referencial
D – metalinguística
Soluções para a tarefa
Resposta:
Letra a)
Explicação:
A função emotiva o emissor tem como objetivo principal transmitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião. Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma vez que possui um caráter pessoal.
Espero ter ajudado!!
:)
A função da linguagem predominante nessa crônica é a função metalinguística.
Alternativa A.
Metalinguagem
A crônica "Pausa", de Mario Quintana, apresentam metalinguagem por falar sobre a criação poética e a função do poeta. Nesse texto, temos a linguagem como objeto de outra linguagem.
A intenção do autor nessa crônica é evidenciar como a visão do poeta/escritor é diferente da forma como o senso comum enxerga as coisas.
A metalinguagem consiste na descrição da própria linguagem, ou seja, a utilização do próprio código para explicá-lo.
Esse recurso ocorre quando um poema fala da criação poética; uma canção fala de música; um filme fala sobre filmes; uma tirinha aborda sua própria construção; etc.
Leia mais sobre funções da linguagem em:
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