Paulo Freire criou uma escola?
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O trabalho do pernambucano Paulo Freire (1921-1997) rompeu com os padrões. Em 1963, época em que 40% da população adulta era analfabeta, ele realizou a famosa experiência em Angicos, no Rio Grande do Norte, em que se propôs a alfabetizar 300 adultos, cortadores de cana, em 40 horas de aula ao longo de 45 dias. O processo não utilizava cartilhas, mas partia do vocabulário e conhecimentos dos alunos.
Fundamentado na construção de aprendizagens a partir de referências do universo desses adultos, assumia também o papel de desenvolver a criticidade. “Ele ensinou trabalhadores analfabetos a partir da realidade e objetos do seu dia a dia, como ‘tijolo’, ‘terra’ ou ‘colheita’, para estabelecer um sentido com o que estavam aprendendo. Parece algo simples, mas quando você pega sua própria bagagem para transformar em conhecimento – e não situações infantilizadas, como era o típico das cartilhas –, a assimilação é maior”, comenta Jayse Antonio, professor de Arte na EREM Frei Orlando, em Itambé, Pernambuco.