Parte mais importante do livro: 12 anos de escravidão
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Resposta:
2 anos de escravidão é uma obra autobiográfica originalmente publicada em 1853 na qual o autor, o carpinteiro e músico Solomon Northup, narra uma incrível parte de sua história de vida: no ano de 1841, ao aceitar uma oferta de emprego provisório como violinista, Northup, um negro livre nascido no estado de Nova York, acaba sendo enganado, sequestrado e vendido como escravo no sul dos Estados Unidos, e permanece nesta condição por doze anos até conseguir reconquistar sua liberdade, voltar para sua casa e família e acabar se tornando um dos mais importantes nomes na luta do movimento abolicionista norte-americano. Em sua narrativa Northup transmite ao leitor como se deu sua experiência de escravidão, descrevendo de modo objetivo, porém muitíssimo tocante, as diferentes posturas daqueles que tiveram autoridade sobre sua vida, bem como parte da história, das agruras e das atitudes dos diferentes escravos com os quais teve contato em sua jornada. A narrativa chocante de Northup serve como exemplificador máximo da barbárie da escravidão e de suas nuances em território estadunidense. Diante da contundência de seu relato, o público leitor da época logo transformou seu livro em um best seller. O texto seguiu os passos de Uncle’s Tom Cabin (1852), livro ficcional sobre a escravidão norte-americana de autoria de Harriet Beecher Stowe (a quem Northup inclusive dedica sua obra), e, mais do que isso, serviu como corroboração da realidade dos fatos relatados por Stowe em sua ficção. Assim sendo, a obra de Northup desempenhou importante papel no período anterior à Guerra Civil Americana, conscientizando a população sobre os horrores da escravidão.
O paratexto da tradução brasileira indica inconfundivelmente a estreita relação estabelecida entre a obra literária e a obra fílmica para sua comercialização no Brasil: ao menos a terceira reimpressão do livro, que foi analisada para a presente resenha, foi comercializada com uma sobrecapa contendo uma foto do ator principal do filme semelhante àquela do pôster utilizado nos cinemas de todo o país à época de sua exibição. A sobrecapa exalta o fato de essa ser a obra literária da qual a obra fílmica foi originada, bem como o fato de o filme em questão ter sido ganhador do Oscar de melhor filme de 2014. Há ainda na sobrecapa uma citação direta do diretor, Steve McQueen, comparando a importância do livro àquela de O Diário de Anne Frank.
Talvez também graças à repercussão do filme e da consequente importância atribuída à figura de Northup, a edição brasileira do livro é minuciosa na manutenção dos elementos paratextuais originais: a breve descrição da história que segue o título do livro já na folha de rosto, a introdução de autoria de David Wilson, a dedicatória da obra a Harriet Beecher Stowe e o belo poema do abolicionista William Cowper são elementos da primeira edição de 1853 que se encontram presentes também na tradução lançada pela Penguin Companhia. O livro traz ainda um importante acréscimo paratextual: um posfácio de autoria de Henry Louis Gates Jr, um crítico literário, acadêmico, escritor e editor americano que atuou como consultor para a elaboração da obra fílmica. A única omissão observada foi de um elemento que, talvez, não seria considerado exatamente paratextual: foram cortadas da tradução brasileira listas que apareciam no começo de cada capítulo do original, elencando os tópicos gerais abordados especificamente naquele capítulo, como se fossem subtítulos.
Ainda sob uma perspectiva macroestrutural, observa-se que a edição lançada pela Penguin Companhia dá à tradutora Caroline Chang posição de considerável visibilidade por todo o texto. Seu papel enquanto tradutora da obra é abertamente mencionado já na primeira página do livro, que antecede a folha de rosto: nesta página são apresentadas uma breve biografia do autor Solomon Northup, em primeiro lugar; de Chang, a tradutora, em segundo; e por fim, do autor do posfácio, Henry Louis Gates Jr. A biografia da tradutora traz informações sobre o seu local de nascimento, a formação acadêmica e a experiência profissional de Chang, enfatizando sua experiência prévia como tradutora de outra obra que se passa no sul dos Estados Unidos e tem os negros (e o seu falar) e as questões raciais como principal enfoque: A Resposta, de Kathryn Stockett (originalmente intitulado The Help). Ao considerar outras obras publicadas sob o mesmo selo, é possível perceber que a ênfase na biografia do tradutor, incluindo-a já logo após aquela do autor do texto originário, é uma política estabelecida para as obras englobadas pela Penguin Companhia como um todo.
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Explicação: rcontinuaçao