Português, perguntado por samuelbcs, 8 meses atrás

PARTE 2 que não coube do texto (Data Limite: Sexta que vem 26/03/2021)

Preocupado com as gerações futuras, Jonas é espécie de neokantiano que alarga o antropocentrismo a fim de abranger o entorno (meio físico natural e transgeracionalidade), criticando a sociedade moderna e optando pelo interesse coletivo. Para ele, o agir ético individual é totalmente diferente do coletivo. Nesse último, a humanidade descobre que a natureza é vulnerável. Com base nessa consciência, Jonas mostra que o meio ambiente tem leis próprias, mas que sofrem interferência humana, especialmente após a Revolução Industrial e as duas grandes guerras.

Contudo, há dois fatores importantes. Primeiro, o destino humano na Terra depende da preservação da natureza, mas essa é ainda perspectiva antropocêntrica. Segundo, as ações humanas em relação à natureza são cumulativas, pois mesmo que se perdoe o erro do desastre ambiental e humano, a ele se somarão outros novos, sem que haja possibilidade de recomeçar, e isso coloca em risco o próprio devir da vontade como ato singular. A natureza não perdoa, o mal feito é cumulativo, e o perdão moral não resolve a transgressão ética. O mal contra a natureza se situa em outra dimensão, que não a do perdão. Por isso, a responsabilidade sobre as tecnologias que impactam a natureza é diferente da responsabilidade moral para com outro indivíduo.

Segundo Jonas 19 , para entender o que está acontecendo com a natureza nos últimos tempos é preciso sair do antropocentrismo e do egoísmo narcisista, reconhecendo nossa ignorância quanto a muitos fenômenos extra-humanos de que dependemos para viver. Saber agir implica reconhecer que não sabemos ao certo qual é o nosso compromisso para com a natureza.

O novo modelo de ação deve considerar muito mais do que o comportamento humano. Há outros elementos que condicionam a vida humana na Terra e que devem ser contemplados para além dos fins instrumentais. A humanidade, com sua visão antropocêntrica de ciência, nunca assumiu o papel de responsável pela natureza, mas é hora de fazê-lo, pois há outra noção de responsabilidade que não concerne ao cálculo do que foi feito ex post facto , mas à determinação do que se tem a fazer 34 .

A responsabilidade deve se voltar para o grupo, para o coletivo, e ao mesmo tempo para o futuro, para a sobrevivência da humanidade. Dessa forma, é preciso projetar a relação humana com a natureza, pois um horizonte relevante da responsabilidade é fornecido muito mais pelo futuro indeterminado do que pelo espaço contemporâneo da ação 35 . Para novos tipos de ação, são necessários novos padrões éticos, que possam agir com previsão e responsabilidade compatíveis para integrar o domínio da própria humanidade, afinal, tudo o que ela transforma acaba por ser gerido por ela ou identificado com a própria condição humana 19 .

A responsabilidade transgeracional leva ao questionamento ético. Assim, segundo Jonas, antes de se perguntar sobre que poderes representariam ou influenciariam o futuro, devemos nos perguntar sobre qual perspectiva ou qual conhecimento valorativo deve representar o futuro no presente 36 . O poder tecnológico permitiu um mundo totalmente novo, em que o senso comum se une ao científico diante da popularização de seus objetos. Portanto, a utopia não se tornou projeto poético, que pode ser cantado, como fizeram os gregos. Ela se tornou a possibilidade de um futuro sombrio, e é preciso humildade para reconhecer as múltiplas possibilidades de análise do poder tecnológico, pois somente assim seus desígnios podem ser assimilados.

A razão substituiu o medo, que, por sua vez, substituiu a virtude e a sabedoria. E é por ele que são construídos os modernos sistemas de proteção contra a tecnologia, posto que se trata de saber se, sem restabelecer a categoria do sagrado, destruída de cabo a rabo pelo Aufklärung (Iluminismo) científico, é possível ter uma ética que possa controlar os poderes extremos que hoje possuímos e que nos vemos obrigados a seguir conquistando e exercendo 37 . A partir desse ponto, Jonas apresenta quais seriam as feições de uma ética do medo, sempre voltada ao coletivo e baseada na aplicação da filosofia política, ou seja, da justiça do Estado. Assim, o universalismo do potencial apocalíptico dos grandes males leva a prognóstico coletivo que necessariamente exige o agir responsável para evitar o aniquilamento da humanidade.

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Respondido por dudarolim05
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