Filosofia, perguntado por hevandrovictor18, 1 ano atrás

Parábola pedras preciosas

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Respondido por elamambretti
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A Parábola das pedras preciosas:

"Eu preciso alertá-lo, leitor, antes que você comece. Estas palavras são jóias antigas minadas da pedreira da minha vida. Apenas as leia se você ousar valorizá-las. Seria melhor nunca saber do que saber e não obedecer.  As mãos que as escrevem agora estão velhas, enrugadas pelo sol e pelo trabalho. Mas a mente que as guia é sábia, sábia pelos anos, sábia pelos fracassos, sábia pela tristeza.  

Eu sou Asmara, comerciante de pedras finas.

Eu sou um vendedor de pedras. Viajo de uma cidade para outra. Compro jóias dos escavadores em uma terra e vendo aos compradores de outra. Resisti a noites de águas tempestuosas. Andei dias no calor de deserto. Jantei com reis. Bebi com miseráveis. Minhas mãos seguraram os rubis mais finos e afagaram os casacos de pele mais macios. Mas trocaria tudo isso por uma joia que eu nunca conheci.

Não foi por falta de oportunidade que eu nunca a segurei. Houve uma vez em Madri quando eu era jovem. Não, não foi por falta de oportunidade. Foi por falta de sabedoria. A joia estava em minha mão, mas eu a troquei por uma imitação. E agora temo que meus dias acabem sem que eu conheça a beleza da pedra preciosa.

Eu nunca conheci o verdadeiro amor.  Conheci abraços. Vi a beleza. Mas nunca conheci o amor.  Se eu tivesse aprendido a reconhecer o amor como aprendi a reconhecer pedras!

Meu pai me ensinou sobre pedras. Ele era um cortador de joia. Ele me colocava sentado à mesa diante de uma dúzia de esmeraldas. “Uma é verdadeira”, ele me dizia. “As outras são falsas. Encontre a joia verdadeira”.  Eu pensava – estudando uma após a outra. Finalmente eu escolhia. Eu sempre estava errado.

“O segredo”, ele dizia, “não está na superfície da pedra; está dentro dela. Uma joia verdadeira tem um brilho. Bem dentro da pedra preciosa há um brilho. A superfície pode sempre ser polida para brilhar, mas com o tempo o brilho enfraquece. Entretanto, a pedra cujo brilho vem de dentro nunca desbotará”.

Com os anos, meus olhos aprenderam a apontar as pedras verdadeiras. Nunca sou enganado. As pedras que compro são autênticas. As pedras preciosas que vendo são verdadeiras. Aprendi a ver a luz que vem de dentro.

Se eu tivesse aprendido o mesmo sobre o amor.  Mas eu fui enganado, caro leitor, eu fui enganado.  Passei minha vida em lugares que não deveria ter ido, procurando por alguém com olhos brilhantes, cabelo bonito, um sorriso encantador, e roupas luxuosas. Procurei por uma mulher com beleza exterior, mas sem valor verdadeiro. E fui deixado com um vazio.

Uma vez eu quase a encontrei. Há muitos anos atrás em Madri, conheci a filha de um fazendeiro. Seu jeito era simples. Seu amor era puro. Seus olhos eram honestos. Mas seu aspecto era comum. Ela me amou. Ela ficou comigo em todas as situações. Dentro dela havia um brilho de devoção como eu nunca vi.

Mas eu continuei a procurar por alguém cuja beleza desse brilho ao resto.  Quantas vezes esperei pelo coração bondoso daquela fazendeira, seu sorriso doce, sua lealdade? Se eu soubesse que a beleza verdadeira é encontrada do lado de dentro, não do lado de fora. Se eu soubesse, quantas lágrimas eu teria economizado?

Eu teria trocado imediatamente mil pedras preciosas pelo coração verdadeiro de alguém que me amou.

Caro leitor, preste atenção ao meu aviso. Olhe bem de perto as pedras antes de abrir sua carteira. O brilho do amor verdadeiro vem de dentro e se fortalece com o passar do tempo.

Preste atenção à minha advertência. Procure a pedra preciosa mais pura. Olhe bem dentro do coração para achar a maior beleza de todas. E quando você encontrar esta joia, segure-se a ela e nunca a deixe ir.  Porque nela você tem um tesouro que vale muito mais do que rubis.

Procure a beleza e perca o amor.  Mas procure o amor e encontre ambos."

Fica claro o ensinamento contido na parábola. Passamos toda a vida valorizando aspectos externos de nossa existência, a aparência, os julgamentos alheios, as escolhas impostas por padrões que nossa cultura valoriza, que enfim, deixamos de lado o que nos é verdadeiro e necessário.

Não façamos então como este velho comerciante de jóias, que mesmo tendo aprendido a reconhecer a beleza externa, não soube reconhecer a preciosidade das virtudes que nos tornam humanos, a bondade, a honestidade, a empatia, a misericórdia e principalmente, a simplicidade.

Bons estudos!

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