Para responder às próximas questões, leia o texto do historiador francês Jean Delumeau.Para responder às próximas questões, leia o texto do historiador francês Jean Delumeau.A realidade religiosa de hoje em dia na América Latina demonstra à evidência o caráter superficialda cristianização autoritária conduzida outrora pelo poder colonial. No Brasil, especialmente, cultosclandestinos subsistiram – e agora afloram novamente – entre os índios e sobretudo entre os negrostrazidos da África. Os escritores e os viajantes dos séculos XVI-XVIII não puderam deixar de assinalá--los. Ao lê-los, percebe-se que o dia pertencia aos brancos e a noite, aos escravos. Posto o sol, oscaminhos do Brasil se fechavam aos brancos que se trancafiavam em suas vastas moradas por temordos escravos. E estes aproveitavam a escuridão para reencontrar e exprimir uma sociabilidade que nãopodia moldar-se à forma do sistema colonial. Contudo, para praticar com a maior liberdade possívelessas liturgias pagãs, os escravos recorreram aos símbolos católicos que exteriormente significavama sua integração à sociedade escravagista. E porque as palavras da língua portuguesa eram suspeitasa seus olhos e veículos de uma dominação que recusavam, utilizavam poucas palavras em seus cultos,mas um gestual rico de significação. A dança, a música e uma intensa efervescência religiosa aliena-vam seu apego aos ritos de seus ancestrais e sua vontade de não deixar destruir seu universo cultural.No Brasil, os senhores acabaram por não mais tentar suprimir essas manifestações religiosas. Tendoum viajante do século XVIII parado uma noite na morada de um grande proprietário, este perguntouna manhã seguinte: “Como passastes a noite?”. “Bem quanto à acomodação”, respondeu o convidado.“Mas não preguei o olho.” Explicou por que: o alarido de cantos, de castanholas, de tamborins e outrosinstrumentos o mantivera constantemente desperto, e “gritos tão horríveis que lhe evocavam a confu-são do inferno”. Ao que o proprietário retrucou: “Para mim, não há nada melhor do que esse barulhopara dormir despreocupado”. Reconhecimento de um vasto fracasso.(DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 266-267.)a) A historiografia recente aponta que em diferentes práticas coloniais e atuações metropolitanas é possí-vel perceber um abismo entre aquilo que se desejava e idealizava instituir e as práticas reais, cotidianas,efetivas. Partindo do contexto da realidade religiosa na America Latina retratado por Jean Delumeau,procure explicar essa afirmação.b) No seu entendimento, por que a sociabilidade dos escravos africanos “não podia moldar-se à forma dosistema colonial”?c) A situação descrita por Jean Delumeau pode ser identificada como exemplo de sincretismo religioso?Justifique.
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a) O que o texto revela é que, diferentemente do que desejavam os missionários católicos, os cultos indígenas e africanos perduraram clandestinamente, e os senhores faziam vista grossa a eles, com medo de revoltas e sob a justificativa de que se usavam de elementos cristãos que haviam incorporado.
b) A sociabilidade dos escravos ia contra preceitos da fé cristã, e sedimentava sua ancestralidade cultural com trocas que reforçavam sua tradições e identidade.
c) Sim, é claramente um exemplo de sincretismo religioso, em que elementos de diversos credos unem-se em um novo rito de fé, e novas práticas religiosas, como a umbanda surgiu no Brasil.
b) A sociabilidade dos escravos ia contra preceitos da fé cristã, e sedimentava sua ancestralidade cultural com trocas que reforçavam sua tradições e identidade.
c) Sim, é claramente um exemplo de sincretismo religioso, em que elementos de diversos credos unem-se em um novo rito de fé, e novas práticas religiosas, como a umbanda surgiu no Brasil.
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