Para mim, garoto que raramente destrutava da companhia do pal aquela viagem foi uma aventura. A floresta densa assustava e encantava. De vez em quando, viam-se enormes clareiras negras de árvores outrora verdes e frondosas, agora derrubadas e queimadas para facilitar a remoção das raízes Diante de algumas delas, meu pai desligava o caminhão, olhava com tristeza a queimada, se debruçava alguns minutos sobre o volante, depois respirava fundo e seguia viagem Os sucessivos encalhamentos do GMC nos areiões atrasaram a viagem, e a noite chegou com seus sons de assustar crianças. Meu pai, homem franzino, porém muito corajoso, recolhia no mato galhos e pedras para tentar arrancar o caminhão da areia. Eu ajudava como podia, atolado de medo. Ate que, de repente, meu maior temor se cristalizou na minha frente: uma onça, parada diante dos faróis acesos. Ofuscada pela luz, talvez hipnotizada, demorou alguns segundos para sumir pela floresta. Trêmulo, corri para a cabine e fiquei em silêncio até meu pai se juntar a mim. Avergonhado pelo medo que senti, não disse nada a ele. Passei o resto da viagem calado, rememorando a imagem da onça Foi só quando chegamos ao destino final que descobri que não estava sozinho naquela lembrança. Ao estacionar o caminhão, meu pai virou-se para mim e perguntou: - Filho, você viu a onça? Respondi que sim. Ele sorriu e me abraçou, com a cumplicidade de quem compartilha um temor. É a única lembrança que tenho de meu pai me abraçando. E acho que nunca mais me senti tão protegido assim. Elifas Andreato é artista plástico e editor da revista Almanaque Brasil Disponível em: Acesse em 13 fev.2018.
O fragmento de texto acima é
A) um relato pessoal.
B) um anúncio.
C) um debate regrado.
D) um texto da mitologia grega.
Soluções para a tarefa
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Resposta: a) um relato pessaol
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