"Para a menina" autora: Conceição Evaristo
Quem seria a personagem que cuida da menina?
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Resposta:
A aquisição da escrita e da leitura por Conceição Evaristo é relatada no artigo “Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita” (2007, p. 18)3, onde a autora de Ponciá Vicêncio recorda que as mãos de lavadeira da mãe “guiaram os [seus] dedos no exercício de copiar [seu] nome, as letras do alfabeto, as sílabas, os números, os difíceis deveres de escola, para crianças oriundas de famílias semianalfabetas”. A tia de Conceição Evaristo, Maria Filomena da Silva, “tinha por hábito anotar resumidamente, em folhas de papéis, datas e acontecimentos importantes, desde fatos relacionados à economia doméstica a acontecimentos sociais ou religiosos” (Idem, p. 18). À medida que Conceição Evaristo crescia, tais registros diários passaram para sua responsabilidade. Mais tarde, esta experiência foi transformada em matéria do seu discurso literário. Conceição Evaristo crê “que a gênese de [sua] escrita está no acúmulo de tudo que [ouviu] desde a infância. O acúmulo das palavras, das histórias que habitavam em [sua] casa e adjacências” (Idem, p. 19).
Adquirir o conhecimento formal, aprimorar e amadurecer o dom para as letras não foi tarefa fácil para Conceição Evaristo.
Ao terminar o primário, em 1958, Conceição Evaristo ganhou o seu primeiro prêmio de literatura, vencendo um concurso de redação que tinha o seguinte título: Por que me orgulho de ser brasileira?. Quanto à beleza da redação, reinou o consenso dos professores; quanto ao prêmio, houve discordâncias, pois a passagem da jovem escritora pela escola não tinha sido de uma aluna bem comportada. Foi necessária a interferência de Dona Luzia Machado Brandão, professora que trabalhava na Biblioteca, para que a menina negra recebesse o prêmio.
Ao terminar o Curso Primário, Conceição Evaristo fez um Curso Ginasial cheio de interrupções e a partir dos seus dezessete anos, viveu intensamente discussões relativas à realidade social. Foi quando se inseriu no movimento JOC (Juventude Operária Católica) que, como outros grupos católicos, promoviam reflexões que visavam comprometer a Igreja com a realidade brasileira dos menos favorecidos. As questões étnicas só entrariam objetivamente nas discussões da escritora na década de 70, quando parte de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro.
Em 1973, com ajuda de amigos, Conceição Evaristo partiu para o Rio de Janeiro, antigo Estado da Guanabara, depois de ter feito concurso naquele mesmo ano para professora primária. Ela havia terminado o Curso Normal no Instituto de Educação de Minas Gerais, em 1971. Dois anos depois de chegar ao Rio de Janeiro, em 1975, Conceição Evaristo prestou concurso para o quadro de magistério na Cidade de Niterói, local em que trabalhou quase dez anos, como professora do Supletivo. Em 1976, ela fez o vestibular para o curso de Letras na UFRJ. Ela estudava e trabalhava. Nesse mesmo ano também conheceu aquele com quem se casou, Oswaldo Santos de Brito, e teve a sua única filha, Ainá Evaristo de Brito, portadora de uma síndrome genética que comprometeu o seu desenvolvimento psicomotor.