Geografia, perguntado por adriarmy3, 8 meses atrás

oq quer dizer índios decidos​

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Respondido por Alana8270
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Resposta:

RESUMOEste artigo apresenta uma discussão sobre a organização da força de trabalho indígena livre na Amazônia colônia do século XVII a meados do século XVIII. O texto argumenta que, para além do rígido controle exercido pelas ordens religiosas sobre a população indígena livre estabelecida nas aldeias, não só a coroa vislumbrou alternativas quanto ao uso de trabalhadores indígenas, mas também os moradores se aproveitaram dessas alternativas para ter acesso aos trabalhadores indígenas, principalmente em momentos críticos de carência de mão-de-obra. Por outro lado, trata-se de compreender como a ação dos próprios grupos indígenas influenciou a política e legislação indigenistas implementadas pela Coroa para a região.Palavras-chave: Amazônia, trabalhadores indígenas, séculos XVII e XVIIIABSTRACTThis article analyses the organization of Indian free labour in the Portuguese Amazon region, during the seventeenth and the first half of the eighteenth century. It argues that, besides the tight control that the religious orders exerted over the Indian free population established in the aldeias, not only the Crown advanced alternatives to the use of free Indian labour, but also the Portuguese settlers took advantage of these legal options to gain access to Indian workers, especially when they experienced shortage of labourers. It also asserts that Indian agency was crucial to understand how a policy and legislation towards the Indian nations were implemented in the region.Keywords: Amazon region, Indian workers, seventeenth and eighteenth centuriesNo antigo Estado do Maranhão e Grão Pará, que corresponde aproximadamente à atual região amazônica, a mão-de-obra indígena teve um papel fundamental, representando a principal força de trabalho durante os séculos XVII e boa parte do século XVIII. Escravos indígenas e trabalhadores "livres" conviveram (junto com escravos africanos) nos mais diversos espaços de trabalho do mundo colonial no Estado do Maranhão e Grão Pará. Para o período que vai da conquista da região até meados do século XVIII, a partir de quando a escravização dos índios foi (pelo menos formalmente) proibida pela Coroa e a administração temporal das aldeias de índios livres retirada dos religiosos regulares (1755), tem se considerado o mundo do trabalho na Amazônia colonial como caracterizado pelo domínio quase inconteste das ordens religiosas - em especial da Companhia de Jesus -, que deteriam o controle quase que absoluto sobre as populações indígenas aldeadas.Este artigo quer discutir uma outra perspectiva para pensar o trabalho indígena livre, para além da centralidade dos religiosos em sua organização e administração. Não se trata é claro de negar o papel dos padres - aos quais em diversos momentos se concedeu um significativo poder sobre a arregimentação e uso dos trabalhadores indígenas livres. O que se quer apresentar aqui é como não só em vários momentos a Coroa vislumbrou alternativas para o usufruto da força de trabalho livre - coetâneas aos poderes e à jurisdição dos clérigos regulares -, mas também como os moradores souberam apropriar-se das determinações régias para, em determinadas conjunturas, aumentarem o seu acesso aos trabalhadores livres, cuja administração era, em princípio, de exclusividade dos missionários. Por outro lado, essas alternativas foram também em boa parte construídas a partir das ações dos próprios grupos indígenas e das articulações que construíram face à expansão dos portugueses pela região e incremento das necessidades de mão-de-obra.Aspectos do governo dos índiosEntre 1655 e 1663, por meio do regimento do governador do Maranhão, a Coroa determinou a concessão da administração temporal das aldeias de índios somente aos jesuítas, que ficariam responsáveis igualmente pela repartição dos trabalhadores indígenas aos moradores.1 Os desdobramentos do apostolado dos padres, avigorado por tais determinações, acabou redundando numa revolta das populações das cidades de São Luís e Belém, que culminou com a expulsão dos jesuítas do Estado do Maranhão, em 1661. A Coroa aprendeu com a revolta e, em 1663, determinou o fim de qualquer jurisdição temporal sobre as aldeias de índios livres descidos.2Em 1680, a situação se transformava. Em abril desse ano, a Coroa publicava uma série de leis sobre os índios do Maranhão. Com a evidente marca dos religiosos, notadamente do padre Antônio Vieira, as novas ordens simplesmente determinavam a total e irrestrita liberdade de todos os índios e a exclusividade da Companhia de Jesus nos descimentos e administração das aldeias de índios livres. Subvertia-se a situação anterior, configurando o que Mathias Kiemen considerou o "último dos triunfos de Vieira na legislação indigenista".3 Além de ordenar a liberdade absoluta dos índios,4 as novas leis decidiam sobre a forma como seria usada e repartida a mão-de-obra indígena livre, insistindo, igualmente, na importância do envio de escravos africanos para o Maranhão.

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