Onde estás
É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
“Vento frio do deserto,
Onde ela está?
Longe ou perto?”
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
“Oh! minh’amante, onde estás?...”
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono!...
’Stá vazio nosso leito...
’Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu’eu fique Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh’amante, onde estás?...
Estrela – na tempestade,
Rosa – nos ermos da vida,
Íris – do náufrago errante,
Ilusão – d’alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu!...
... E hoje que o meu passado Para sempre morto jaz...
Vendo finda a minha sorte, Pergunto aos ventos do Norte...
“Oh! minh’amante, onde estás?”
CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
Sobre o poema de Castro Alves, pode-se afirmar que
Anexos:
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Letra D) Ao constatar a ausência da amada no leito, o eu lírico percebe também seu vazio interior, a ausência de sentido do mundo e da vida. A alternativa D é correta pois o sentimento passa do leito (individual/mínimo) para o mundo (coletivo/máximo)
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