Observe o esquema da relação de dependência entre o campo e a cidade. a)
Explique como e porquê ocorre as trocas feitas entre campo e cidade
Soluções para a tarefa
Resposta:
Apesar de serem comumente tratados como sinônimos, os conceitos de rural e campo, urbano e cidade, possuem diferenças em suas conceituações. Enquanto cidade e campo são formas concretas, materialização de um modo de vida, urbano e rural são representações sociais. Historicamente a relação entre cidade e campo é vista por meio da divisão do trabalho em: intelectual e manual, de modo que na cidade é beneficiado o produto oriundo do campo. Como cidade no Brasil entendem-se os perímetros urbanos das sedes municipais, territórios e populações considerados urbanizados. A cidade é o centro da organização social e econômica, portanto, nela estão concentrados os principais serviços e produtos que são consumidos tanto pela população da própria cidade, quanto pela população do campo, a qual não consegue produzir tudo aquilo de que necessita.
Desta forma, A cidade pressupõe sedentarismo e uma hierarquia sócio-espacial. Conforme Paul Singer (1993), “a cidade é o modo de organização (sócio)espacial que permite à classe dominante maximizar a extração regular de um mais-produto do campo e transformá-lo em garantia alimentar para sua sustentação e de um exército que garanta a regularidade dessa dominação e extração” (MONTE-MÓR, 2006, p. 07). A cidade não apenas controla e comercializa a produção do campo, mas também passa a transformá-la e agregar valor à esta, expandindo sua esfera de dominação. O campo, que até então era praticamente autossuficiente, se vê dependente da cidade, em alguns casos, até para compra de produtos básicos de vida, como alimentos. Assim, tem-se a subordinação do campo em relação à cidade.
Questão Social no Brasil
Durante as décadas, a crescente industrialização, fez com que muitas pessoas deixassem o campo e migrassem para as cidades. Este fenômeno é conhecido como EXÔDO RURAL, e produz profundas consequências na organização urbana. No Brasil, este teve maior relevância entre os anos de 1960-1980, quando muitas pessoas deixaram o campo, deslocando-se para às cidades em busca de empregos nas fábricas. Com o avanço no meio técnico, a mão-de-obra no campo foi substituída pelos maquinários, expulsando as pessoas da terra, causando um inchaço urbano.
Na cidade, o produto do campo é transformado nas fábricas e, posteriormente revendido aos consumidores. “A indústria impõe à cidade sua lógica centrada na produção e o espaço da cidade organizado como lócus privilegiado do excedente econômico, do poder político e da festa cultural, legitimado como obra e regido pelo valor de uso coletivo, passa a ser privatizado e subordinado ao valor de troca” (MONTE-MÓR, 2006, p. 09). Assim, os produtos deixam de possuir seu valor original, de uso, e passam a ser valorizados pelo custo de troca. Neste processo, o “homem do campo” se torna mais uma vez subordinado à fábrica, pois vê sua produção ser transformada e acrescida de valor.
Novas urbanidades e novas ruralidades
A cidade moderna movimenta a vida dos homens como se fossem máquinas, e todas as ações são regidas pelo “tempo rápido”. Mas o campo, cada vez mais modernizado, também já aderiu às práticas ritmadas da globalização. “Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o império da técnica, objeto de modificações, supressões, acréscimos, cada vez mais sofisticados e mais carregados de artifício. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural” (SANTOS, 2005, p. 160). Meio técnico-científico-informacional atinge também o campo.
O urbano e a cidade
O campo e a cidade são formas concretas, ou seja, a materialização de um modo de vida. Já o rural e o urbano são representações sociais. “Campo e cidade são formas espaciais. Urbano e rural possuem, (...) uma dimensão processual, são conteúdo e contingente” (HESPANHOL, 2013, p. 104). O urbano se torna, cada vez mais, em um espaço artificial. O espaço “vai tornando-se um espaço cada vez mais instrumentalizado, culturizado, tecnificado e cada vez mais trabalhado segundo os ditames da ciência” (SANTOS, 1988, p. 16).
Explicação: