O TORCEDOR No jogo de decisão do campeonato, Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro, não porque fosse atleticano ou mineiro, mas porque receava o carnaval nas ruas se o Flamengo vencesse. Visitava um amigo em bairro distante, nenhum dos dois tem carro, e ele previa que a volta seria problema.
O Flamengo triunfou, e Eváglio deixou de ser atleticano para detestar todos os clubes de futebol, que perturbam a vida urbana com suas vitórias. Saindo em busca de táxi inexistente, acabou se metendo num ônibus em que não cabia mais ninguém, e havia duas bandeiras rubro-negras para cada passageiro. E não eram bandeiras pequenas nem torcedores exaustos: estes pareciam terem guardado a capacidade de grito para depois da vitória.
Eváglio sentiu-se dentro do Maracanã, até mesmo dentro da bola chutada por quarenta e quatro pés. A bola era ele, embora ninguém reparasse naquela esfera humana que ansiava por tornar a ser gente a caminho de casa.
Lembrando-se de que torcera pelo vencido, teve medo, para não dizer terror. Se lessem em seu íntimo o segredo, estava perdido. Mas todos cantavam, sambavam com alegria tão pura que ele próprio começou a sentir um pouco de flamengo dentro de si. Era o canto? Eram braços e pernas falando além da boca? A emanação de entusiasmo o contagiava e transformava. Marcou coma cabeça o acompanhamento da música. Abriu os lábios, simulando cantar. Cantou. Ao dar fé de si, disputava à morena frenética a posse de uma bandeira. Queria enrolar-se no pano para exteriorizar o ser partidário que pulava em suas entranhas. A moça, em vez de ceder o troféu, abraçou-se com Eváglio e beijou-o na boca. Estava batizado, crismado e ungido: uma vez flamengo, sempre flamengo.
O pessoal desceu na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa, mas Eváglio mora em Ipanema, e já com o pé no estribo se lembrou. Loucura continuar flamengo a noite inteira à base de chope, caipirinha, batucada e o mais. Segurou firme na porta, gritou: “Eu volto, gente! Vou só trocar de roupa” e, não se sabe como, chegou intacto ao lar, já sem compromisso clubista.
Carlos Drummond de Andrade (Contos Plausíveis)
1. Quem é o personagem principal do conto? 2. Que tipo de narrador o conto apresenta? Justifique sua resposta. 3. Qual o espaço poderia ser considerado o mais importante no conto?
Justifique sua resposta. 4. Qual seria o conflito deste conto? Justifique sua resposta. 5. Qual seria o clímax e o desfecho do conto? 6. Explique a ironia presente no conto. Lembre-se que o protagonista odiava a
bagunça que os times vitoriosos faziam depois dos jogos de futebol... 7. Quais são os marcadores temporais, isto é, as palavras que indicam o passar
do tempo no conto?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Olá Maicon , TD bem ?
Explicação:
1) O personagem principal é Eváglio
2) narrador em 3 pessoa
3)Bom, Eváglio tinha medo que o flamengo ganhasse o jogo.
Texto deixa bem claro que durante todo o processo de decisão do campeonato, Eváglio está torcendo para o Atlético Mineiro, tendo em vista que na cidade em que ele morava se o Flamengo conseguisse vencer, iria acontecer uma grande festa entre os torcedores para comemorar a vitória do time, e essa ação iria prejudicar a mobilidade da cidade.
Sendo assim, Eváglio torcia para que o Flamengo perdesse o jogo, já que se isso acontecesse ninguém iria sair nas ruas para poder comemorar uma derrota em um jogo.
Bons estudos!
ESPERO TER AJUDADO ♥️
Resposta:O pessoal desceu na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa,...”. (último parágrafo)
Explicação: fiz e tava certo(essa ai é a resposta da 5)o climax