História, perguntado por ailanealmeida999, 1 ano atrás

O texto abaixo trata do movimento militar que culminou com a queda da monarquia no Brasil em 1889.
Leia-o com atenção e responda às questões que o acompanham.
A própria forma pela qual em geral nos referimos aos eventos ocorridos em 15 de novembro de 1889 – a
“proclamação da República” – já incorpora algumas ideias importantes. Em primeiro lugar, a de que
ocorreu uma “proclamação”. Mas o que é “proclamar”? É apenas anunciar publicamente algo – no caso,
que a monarquia fora substituída pela República. Logo surgem outras ideias, como a de que a República
no Brasil teria sido algo inevitável, uma etapa necessária da “evolução” da sociedade brasileira. Mais
ainda, podemos imaginar que o fácil sucesso do golpe de Estado – que, tecnicamente, foi o que aconteceu
no 15 de novembro – seria resultado de um consenso nacional, e que os militares, os principais protago-
nistas do movimento, teriam atuado de forma unida e coesa.
Não é essa a visão que hoje podemos ter desses fatos. Não havia uma maioria republicana no país e nem
mesmo unidade entre os militares. De fato, apenas uma pequena fração do exército, e com característi-
cas muito específicas, esteve envolvida na conspiração republicana.
O golpe de 1889 foi um momento-chave no surgimento dos militares como protagonistas no cenário po-
lítico brasileiro. A República então “proclamada” sempre esteve, em alguma medida, marcada por esse
sinal de nascença (ou, para muitos, pecado original). Havia muitos republicanos civis no final do Império,
mas eles estiveram praticamente ausentes da conspiração. O golpe republicano foi sem dúvida militar, em
sua organização e execução. No entanto, ele foi fruto da ação de apenas alguns militares. Quase não houve
participação da Marinha, nem de indivíduos situados na base da hierarquia militar (as “praças”, como os
soldados ou sargentos). Mas isso não significa que o movimento foi promovido por oficiais situados no topo
da hierarquia. Dos generais, apenas Deodoro da Fonseca esteve presente. Os oficiais superiores podiam
ser contados nos dedos, e o que mais se destacou entre eles não exercia posição de comando de tropa:
trata-se do tenente-coronel Benjamin Constant, professor de matemática na Escola Militar.
Quem foram, então, os militares que conspiraram pela República e se dirigiram ao Campo de Santana
na manhã do dia 15 de novembro de 1889 dispostos a derrubar o Império? Basicamente, um conjunto de
oficiais de patentes inferiores do exército (alferes-alunos, tenentes e capitães) que possuíam educação
superior ou “científica” obtida durante o curso da Escola Militar, então localizada na Praia Vermelha, no
Rio de Janeiro. Na linguagem da época, a “mocidade militar”.
[...]
O republicanismo da “mocidade militar” era oriundo da valorização simbólica do mérito individual somada
à cultura cientificista hegemônica entre os alunos e jovens oficiais. A “mocidade militar” era francamente
republicana desde muito antes da “Questão Militar” de 1886-1887, geralmente considerada um marco da
radicalização política dos militares ao final do Império. A partir de 1878, alunos da Escola Militar criaram
clubes secretos republicanos e, em diversas ocasiões, cantaram ou tentaram cantar, desafiando seus
superiores, a marseillaise, o hino revolucionário francês. É notável o radicalismo de sua atuação e o fato
de que, nos escritos e nas memórias dos jovens “científicos”, não apareçam referências a professores
ou políticos convertendo-os ao republicanismo. As referências a esse respeito levam sempre a livros por
eles adquiridos e devorados e, principalmente, à influência de outros jovens “científicos” agrupados em
associações e clubes de alunos.
Entre a “mocidade militar” não havia clareza a respeito de como a República vindoura seria organizada.
Parece ter sido suficiente saber que se tratava da única forma “científica” de governo, aquela onde rei-
naria o mérito, ordenador de toda a vida social. A falta de definição a respeito de como seria a República
facilitou, por um lado, a unidade de pensamento e ação da “mocidade militar” antes do golpe de 1889; por
outro lado, ajudou a apressar sua fragmentação tão logo a República foi instituída. [...]
(CASTRO, Celso. 15 de novembro de 1889: a proclamação da República. CPDOC. Disponível em:
. Acesso em: 21 nov. 2012.)

a) Podemos considerar que a proclamação da República do Brasil, em 1889, decorreu de um consenso
nacional? Justifique.
b) Que setor da sociedade brasileira articulou a derrubada da monarquia?
c) Que ideais e valores permearam o movimento republicano entre a chamada “mocidade militar”?
d) Os grupos que participaram da instauração da República no Brasil tinham um projeto político claro para
a nação? Explique.

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Respondido por raynunes25
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a) A própria forma pela qual em geral nos referimos aos eventos ocorridos em 15 de novembro de 1889 - a "Proclamação da República" - já incorpora algumas idéias importantes. Em primeiro lugar, a de que ocorreu uma "proclamação". Mas o que é "proclamar"? É apenas anunciar publicamente algo - no caso, que a Monarquia fora substituída pela República. Logo surgem outras idéias, como a de que a República no Brasil teria sido algo inevitável, uma etapa necessária da "evolução" da sociedade brasileira. Mais ainda, podemos imaginar que o fácil sucesso do golpe de Estado - que, tecnicamente, foi o que aconteceu no 15 de Novembro- seria resultado de um consenso nacional, e que os militares, os principais protagonistas do movimento, teriam atuado de forma unida e coesa.
b) Principalmente os donos de fazendas, que viam o fim da escravidão como um prejuízo para os negócios, já que seriam obrigados a pagar empregados para realizar serviços antes feitos pelos escravos. Após o fim da escravidão houve luta contra a monarquia e pela república, que já era adotada em todos os outros países da América do Sul.
c) A expansão das idéias republicanas, a abolição do tráfico negreiro e da escravatura, os conflitos entre a monarquia e a Igreja (questão religiosa) e entre a monarquia e os militares (questão militar) foram as principais causas que culminaram na proclamação da república.

d) Mesmo buscando uma posição política conciliadora, Dom Pedro II não conseguia intermediar os interesses confiantes dos diferentes grupos sociais do país. A questão da escravidão era um dos maiores campos dessa tensão político-ideológica. Os intelectuais, militares e os órgãos de imprensa defendiam a abolição como uma necessidade primordial dentro do processo de modernização sócio-econômica do país. 
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